Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Quadrimestre negro

24/04/2011


Abril vai chegando ao final, encerrando um quadrimestre pífio do Atlético Paranaense. E terminou de forma emblemática, com o Coritiba vencendo o clássico em plena Arena e celebrando o bicampeonato estadual que já era certo.

Não há muito o que falar sobre o jogo. Manoel cometeu uma infantilidade logo no início da partida e, expulso, desequilibrou o confronto. Os coxas, que já têm um time melhor e vêm com embalo pela campanha irrepreensível, tinham o caminho aberto para a vitória. De se lamentar, apenas, a incompetência do árbitro Evandro Roman para utilizar o mesmo rigor com Leandro Donizete que, minutos depois, desferiu um carrinho frontal e, dolosamente, levantou o pé para acertar a canela de Adaílton, interrompendo um contra-ataque atleticano. Acovardando-se, o árbitro deixou de restabelecer a igualdade numérica que poderia mudar a história do jogo. Os 3x0 são indissociáveis do grave erro de arbitragem.

Nada que abale a justiça do título coxa-branca. Enquanto o alviverde foi implacável ao longo de todo o campeonato, o Atlético conseguiu a proeza de ser o único time do campeonato a perder para o Cascavel. Sequer o finado Paraná Clube foi capaz dessa proeza. Perdemos ainda para o Arapongas, na Baixada, onde também fomos derrotados pelo Operário, numa partida em que Geninho mostrou toda a sua incompetência.

Por isso, é preciso frisar que não perdemos nada neste Domingo. Já havíamos perdido. Vencer os coxas seria bom para o moral, pela rivalidade, mas não passaria de uma mera vitória sobre o rival, muito pouco para um clube da grandeza do Atlético - e não apagaria o péssimo início de ano que tivemos. A rivalidade é o que menos importa. Eles que fiquem com o "tanto tempo sem perder Atletibas", e a gente sem a vergonha de frequentar a série B de tempo em tempo.

O que importa mais é analisar e corrigir os erros destes primeiros meses do ano. Começou com a venda de jogadores da defesa sem reposição à altura. Saiu Neto, e penamos com João Carlos e Sílvio - Renan Rocha vinha bem mas cometeu uma falha dantesca no segundo gol do clássico. Saíram Rhodolfo e Chico, veio o péssimo Gabriel. Rafael Santos é um reserva razoável, mas como titular é este jogador que deixou Pereira cabecear com facilidade no início do primeiro gol dos coxas. Manoel tem capacidade, mas neste estadual mostrou uma instabilidade emocional extremamente preocupante. Para quem quer ganhar mais e jogar em clubes "maiores", o jovem tem muito a aprender.

Contudo, os erros mais flagrantes foram relacionados ao comando técnico. A diretoria mostrou indefinição nos momentos importantes de definição da comissão técnica, e tomou sempre a decisão errada. Primeiro, ao manter o fraco Sérgio Soares para começar a temporada. Mandaram-no embora com o Atletiba se aproximando, e veio novo erro em nos sujeitar novamente ao comando de Leandro Nihues, que teve participação direta na derrota do Couto Pereira. Depois de muito sondar o mercado, trouxemos a pior opção disponível: Geninho, que, em 2009, já tinha deixado muito claro, para quem quisesse, que não tem competência para dirigir o Atlético (não à toa, não deu certo em nenhum outro clube grande). Finalmente podem ter acertado ao contratar Adílson, que finalmente fez o time melhorar, apesar de algumas escalações e alterações bastante questionáveis.

Notamos indefinição também com alguns jogadores. Claiton estava encostado, de repente entra no time e vai bem (muito melhor que os demais volantes). Subitamente, é sacado no time. Depois, volta. E, quando estamos com problemas na posição, é finalmente demitido sem explicações claras. Wagner Diniz é outro que quando entra joga de razoável para bem, mas foi frequentemente preterido na escalação, chegou a ter a demissão anunciada em algumas rádios, e depois foi "reintegrado". A impressão que se passa é de pouca uniformidade nas decisões da diretoria. E ninguém entende a falta de questionamento ao trabalho da Direção de Futebol, cujos resultados não se sustentam.

Novos (e maiores) desafios estão por vir: Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Cabe à Diretoria rever seu trabalho, reforçar este elenco. A nós, cabe o de sempre: dar força a Adílson e, no estádio, incentivar quem quer que esteja vestindo a camisa do Atlético. Assim é que nos tornamos um clube grande, e é assim que voltaremos a ser.


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