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Alexandre Sugamosto
Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.
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Teve festa na Baixada
22/04/2011
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Maior público do ano, maior goleada, melhor apresentação de nossa equipe. Não faltam adjetivos e locuções para exaltar nossa atuação diante do Bahia: até mesmo as mais estridentes cornetas, eu me incluo entre elas, prestaram 90 minutos de reverência ante ao futebol organizado e objetivo que apresentamos. Os números e os prospectos, no entanto, certamente jamais darão conta de explicar a irracionalidade da paixão que o CAP nos produz. Ao ver a massa rubro-negra entoando o cântico “Atlético”, mãos suspensas no ar, com vibração que parece colocar o Caldeirão abaixo, esquecemo-nos, ainda que por um instante, desse ou daquele desmando da diretoria, da falta de qualidade de alguns jogadores, do tempo perdido no começo do ano: tudo se evapora, torna-se um eco que parece adormecido. Logicamente, passada a “euphoria”, voltamos ao campo, necessário, da análise crítica dos jogadores, do trabalho de Adilson e de nosso conjunto.
Quem esteve quarta na Baixada pôde presenciar algo notável: os jogadores do Bahia sentiram a pressão. Aqui e ali, viam-se erros tolos, passes fáceis sendo perdidos e marcação confusa, em uma demonstração clara de inabilidade técnica aliada ao despreparo emocional para enfrentar uma torcida e uma equipe como a nossa. Daí penso no descaso tolo de nossa diretoria. Como foram tão incongruentes em suas decisões a ponto de permitir que nosso místico estádio se transformasse em mais um? Ou, tanto pior, que nossa Arena viesse a tornar-se um inimigo (a frase mais infeliz de toda carreira de Geninho)? Não importa. De alguma forma, e contando principalmente com nossas próprias forças de torcedores apaixonados, temos que reacender, como fizemos ontem, a energia delirante que nos transforma em adversários temíveis.
O time
Não somos idiotas. Ninguém acha que nos transformamos na maior potência futebolística do país por conta da goleada de ontem. Não achamos que temos o melhor elenco e nem que humilharemos os adversários, sumariamente, na Copa do Brasil e no certame nacional. No entanto, vi uma entrevista com Pep Guardiola que me atentou para um ponto fundamental. Ele dizia: “ainda que o Barcelona perca os jogos da Champions League e a final da Copa do Rei, vamos seguir jogando da mesma forma”. Creio que seja por aí. Ainda que não tenhamos a ilusão de nos tornarmos uma “máquina mortífera” – afinal, já temos uma em nosso estado -, absoluta e inconteste, temos a perspectiva de um time mais agudo e organizado. Derrotas eventuais fazem parte do jogo. Mentalidade derrotista? Se acompanharmos a história do futebol, veremos que equipes épicas sofreram, eventualmente, goleadas acachapantes. O que não podemos mais tolerar é ganhar ou perder de forma apática e moribunda. Queremos brio e dedicação absoluta.
Reforços
Ainda acho que precisamos de reforços urgentes em alguns setores: defesa, lateral esquerda e meia cancha. Rafael Santos e Manoel, principalmente, fizeram partida exemplar. Mas e quando vão para o DM? Gabriel, Flávio? Paulinho pode ser uma ótima peça para compormos um flanco com vocação defensiva. No entanto, acabamos mancos por não termos um lateral esquerdo que corre, dribla e sabe cruzar. Robston é sempre contestado por grande parte da torcida: particularmente, achei que jogou bem ontem, cadenciou e fez algumas inversões interessantes. Noves fora os passes bisonhos que errou, tem condições de ser uma excelente opção no banco de reservas. Não pode ser protagonista, mas tem capacidade de somar.
Atletiba
Nenhum prognóstico possível. Independente do resultado, como já disse acima, temos que seguir acreditando e incentivando o trabalho de Adilson. Vamos jogar nossa honra domingo? Talvez. Sinceramente, prefiro pensar que nossa história deve se encaminhar, com passadas firmes, para o acesso à Taça Libertadores 2012.
O que me enoja, todavia, é o clima de “já ganhou” que a imprensa verde está criando. Querem sustentar sua paixão e contrariar o fato de que só tiveram adversários fracos esse ano – nosso time do primeiro turno, inclusive -. Os verdes esqueceram que são assíduos nas divisões inferiores do futebol e de que nós somos um dos melhores times em TODA ERA de pontos corridos. Prognósticos não são possíveis? Palpites são: vamos quebrar o salto do “Barcelona das Araucárias” (expressão copiada, acredito eu, do Juarez Villela Filho).
“Você vai cair de novo e eu vou te ver chorar”.
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