Silvio Rauth Filho

Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.

 

 

2005, outro exercício da paciência

24/12/2004


Muito antes do Campeonato Brasileiro terminar, a diretoria do Atlético começou a árdua tarefa de montar um time forte para 2005. Um dos passos importantes foi a renovação do contrato de Marcão, ainda em setembro, e a negociação com Dênis Marques, que veio para solucionar problemas de 2004 e de 2005. Mas há muito pela frente.

Washington, Culpi e Fabiano já foram. Marinho está dificultando, pedindo salário de campeão, e corre o risco de não renovar. Não que ele não mereça sua fortuna de jogador de seleção brasileira, afinal jogou como tal na maioria das 46 rodadas. Mas o Atlético é um clube limitado, financeiramente falando. Tem uma torcida maravilhosa, um estádio fantástico e um CT estupendo. Na hora de acertar salários, porém, precisa ter os pés no chão.

A situação financeira do Atlético também exige que um jogador de alto nível seja vendido por ano. Em 2003, foi Kléberson e, em 2004, Ilan. É esse dinheiro estrangeiro que permite o clube a manter o equilíbrio nas contas - ao contrário do que vemos pelo Brasil afora, com os dirigentes fazendo loucuras e afundando os clubes em dívidas fabulosas.

Por isso, a torcida atleticana pode ter certeza que perderá um dos seus ídolos em 2005. Um deles - Fernandinho, Dagoberto ou Jadson - terá que ser vendido para manter a estrutura. É triste, mas é inevitável.

Para substituir a turma que sai, o Atlético repete sua velha fórmula: investir em jogadores jovens e pouco conhecidos. Para que ela funcione, são necessários três fatores. Primeiro, que os olheiros acertem em cheio. Segundo, que os contratados se adaptem ao novo clube, à nova cidade e tudo mais. Terceiro - e talvez mais importante - que a torcida tenha paciência com os garotos que vestirão o manto sagrado. Jorge Henrique, Bruno, Jairo, Edson, Danilo e outras promessas precisarão daquela confiança transmitida das arquibancadas.

É preciso entender que o Atlético é discriminado na divisão das cotas de televisionamento e na assinatura de contratos de patrocínio, afinal é um clube fora da "grande mídia". Por isso, ninguém pode exigir que faça loucuras e contrate medalhões.

Em outras palavras, 2005 será um ano que exigirá muita garra e compreensão dos atleticanos. Só assim as dificuldades impostas pela realidade do futebol brasileiro serão superadas.


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