Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Fogo cruzado

08/04/2011


Todos estamos tentando entender, de alguma forma, o que se passa com o time da rua Petit Carneiro, 57. A anti-lógica dos diretores, ou a falta completa e absoluta de um raciocínio claro, está criando um pandemônio.

Eles falavam em chuteiras. Trouxeram uma dezena de refugos, jogadores comprados via DVD, renegados e bastardos inglórios. Depois, disseram que iriam trazer um treinador vibrante, aguerrido, que iria “mexer com o brio do time”: trouxeram Geninho e tudo continuou igual. Um treinador novo era esperado só para o início do campeonato nacional, mas, grande surpresa, demitiram o ”gênio” logo após uma vitória no “clássico”. Em meio à turbulência geral da cabine de comando, o piloto resolve passear na Europa e vemos o início a uma onda de boatos sobre renúncia e desistência.

Nessa onda suicida não faltam guerrilheiros: MM, Bolicenho, Mafuz, MCP, ETA, TOF, Turma do Amendoim, aquela que senta atrás do banco atleticano, Assocap, torcedores genéricos não agregados a nenhuma facção e assim por diante. Cada setor tentar puxar para si o direito inalienável da razão suprema. Envolto em brumas, e estraçalhado pela guerra de egos e dinheiro, está um tal de Clube Atlético Paranaense.

Seria demagógico de minha parte, embora eu não seja candidato à cargo algum, tentar explicar as razões ou alucinações de cada uma dessas células. Porém, analise comigo alguns pontos relevantes:

- A administração de MM é estapafúrdia: não ganhamos nada, perdemos espaço na mídia, trouxemos um diretor de futebol incompetente - veja as contratações e conclua- desmontamos as poucas equipes razoáveis que tivemos, vendemos os parcos talentos que aqui despontaram.

- No entanto, MM foi eleito por alguém. Onde está esse sujeito para cobrar as promessas de campanha? Ou a entidade oculta está rendida por regalias e afagos?

- MCP teve seu tempo. Fez o que podia, melhorou uma série de coisas e foi desleixado e indolente em outras tantas. Sua atitude atual é desordeira. Se ele tem interesse em ajudar novamente, e para isso terá que colocar de lado a máscara de ditador, deve apresentar uma plataforma executável e participar do pleito em Dezembro.

- A torcida, falo principalmente das organizadas, tem lá seus problemas também. Defende de forma absoluta alguns jogadores, como o intocável Paulo Baier, e condena outros que ainda não tiverem o tempo mínimo de adaptação. Sei muito bem que alguns boleiros são camaradas, organizam festas ou simplesmente “jogam para a torcida”. Esse será o nosso critério de avaliação? É assim que vamos exigir uma diretoria ética, lúcida e transparente? Faço eco àqueles que esperam que nossa torcida seja, novamente, a mais vibrante e carismática do país. Vejam o exemplo do Racing: seu time beira o rebaixamento e a torcida canta o tempo todo, sem parar, apoio incondicional. Fora de campo? Vamos exercer nossos direitos de sócios e assumir a faceta de consumidores, compreendendo os papéis e as situações.

Nesse complicado contexto podemos ser positivistas e acreditar, eu particularmente penso assim, que o comando de Adilson Batista trará sensíveis melhoras ao time; mas ignorar todo o resto? Pensar que milagrosamente começaremos a ter sucesso e que repentinamente voltaremos ao topo do futebol? Parece que ainda precisamos de muitas reformas para que isso aconteça. Entre mortos e feridos, os que se salvarem do fogo cruzado terão o trabalho de erguer o manto rubro-negro dos escombros.


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