Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

O que passou, passou!

06/04/2011


Não sejamos ingênuos. Geninho não é santo, assim como não passam nem perto de santos os atuais dirigentes do Atlético. O grande erro não foi Geninho ter voltado ao Atlético em 2008. O grande erro, e este é imperdoável, foi Geninho ter retornado ao Atlético este ano, principalmente da forma como veio. Em uma noite de desespero, após uma queda diante do Coritiba, foi feito o apelo do presidente Marcos Malucelli ao técnico campeão de 2001. Era a única alternativa para acalmar a torcida atleticana, após os fracassos nas tentativas de contratação de qualquer outro profissional para o cargo.

Trazemos o Geninho, damos um “cala boca” na torcida, e vamos seguindo em frente. Erro. Um grande erro. Uma prova de que o passado do clube ainda é utilizado para cobrir os erros do presente. As provas vivas estão aí, para que todos vejam. Alex Mineiro, Kleberson, Lucas, Geninho.

Por favor, não sejamos tolos. O que passou, passou! Não podemos viver tempos que já não existem mais. Que as grandes imagens e as grandes alegrias fiquem eternizadas, mas por favor, não sejamos ingênuos a ponto de achar que o time campeão de 2001 pode ser campeão em 2011, dez anos depois. Não vamos tentar encontrar em Lucas o matador de 1999. Não vamos esperar de Kleberson o mesmo Kleberson pentacampeão do mundo de 2002. Não espere, torcedor atleticano, que o grande Geninho de 2011 é o mesmo líder, o mesmo agregador, o mesmo “gênio” de 2001.

O futebol mudou muito. Mudaram conceitos, mudaram fórmulas, mudaram regulamentos, culturas, mentalidades. Não imaginem os atleticanos, que Geninho voltou ao clube porque morre de amores pelo Atlético. E também não imaginem, meus irmãos atleticanos, que Geninho é o profissional que o Atlético precisava neste momento. Provou isso, por A, mais B. Não deu padrão algum ao time e de uma forma política e incoerente, colocou, sutilmente, todo mundo pra jogar. Isso ninguém viu! Para agradar a todos, bagunçou, alterou, mudou outra vez, e o time não saiu do lugar. Não se questiona que Geninho, desta vez, nada agregou ao nosso clube. E quando Geninho se voltou para a arquibancada, dando de dedo e se dando ao trabalho de “bater boca” com o torcedor, ali ficou mais do que provado que ele, Geninho, está desgastado e não deveria, sob qualquer tipo de pressão ou apelo, ter voltado. Errou o presidente ao pedir, errou Geninho ao aceitar.

Não vou trazer aqui a forma como foi realizado o desligamento. Existem apenas duas formas: a certa e a errada. E se Geninho chegou de uma forma equivocada, não daria mesmo para esperar alguma coisa correta, ainda mais se tratando de uma gestão que anda correndo atrás de tempo e prejuízo.

O Atlético precisa olhar para a frente. Para o futuro. Precisa, de uma vez por todas, reformular o planejamento, reestruturar o departamento de futebol, agir com coerência e voltar os olhos, definitivamente, aos resultados dentro de campo. Não é mais aceitável errar outra vez. É preciso muito mais que uma mudança no comando técnico, caso contrário, o novo técnico será, outra vez, apenas “mais um”.

Repito, não sejamos ingênuos. Vamos pensar no bem do nosso Atlético. Algumas vaidades precisam ser deixadas de lado para agirmos racionalmente em busca de resultados, padrão de jogo, conquistas e dias melhores. Considero correta a vinda de Adilson Batista e ofereço, mais uma vez, o meu apoio incondicional. E se é necessário quebrar ovos para se fazer um bom omelete, pelo bem do meu clube do coração, que se quebre mais de uma dúzia de ovos.

Não se preocupem, atleticanos. Nossos ídolos estão eternizados em nossos corações. Jamais cairão esquecidos pela metade do caminho. Só não podemos carregá-los no colo pela vida inteira. Aliás, segue a vida, segue o baile, e boa sorte, atleticano Adilson Batista.

“Tudo bem, nada a reclamar
O tempo tem seu tempo pra passar
A vida muda, como o vento, a direção
E o que passou não dá mais pra voltar, não.”


(O que passou, passou – Toquinho)


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