Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Falta de respeito

23/03/2011


Seria o cúmulo tirar do torcedor atleticano, seja ele sócio ou não (não existe distinção entre atleticanos), o direito de reclamar, exigir, cobrar, esbravejar. Seria o fim da picada assistirmos a toda essa bagunça, calados. O atleticano está, além de triste e decepcionado, de saco cheio das lambanças e da incompetência da gestão de futebol do clube. Não dá mais pra suportar. Ir ao estádio, apoiar, cantar o tempo todo e incentivar o time, é o instinto do atleticano, mas tudo tem um limite. E a paciência chegou ao fim. Torcedor sim, sempre! Otário não, nunca!

O que o técnico Geninho e o presidente do clube, Marcos Malucelli, fizeram após o jogo do último sábado, foi no mínimo uma grande, uma enorme falta de respeito com o torcedor atleticano, aquele que acredita, que se sacrifica, que se doa, que faz de tudo e mais um pouco para sair da Baixada com o sorriso na orelha. Dizer que o torcedor faz mal ao clube e que o fator Arena está sendo prejudicial ao time, é no mínimo uma afronta. No mínimo! E também o mínimo que deveria ser feito por estes dois senhores, seria um pedido público de desculpas.

Se o nosso presidente está perdido em seu mandato, desiludido com sua equipe de trabalho, desmotivado com o plantel que ele mesmo criou e aborrecido com a briguinha política com seu ex-companheiro Mario Celso Petraglia, que saibam, todos, que se há alguém que não tem culpa de nada disso, este alguém é o torcedor atleticano. E este merece respeito.

Não enxergo soluções a curto prazo no Atlético. Vou além. De nada adianta demitir Geninho, trazer este ou aquele, manter ou não Bolicenho, encostar jogador no DM, trocar este ou aquele e reformular tudo para o campeonato brasileiro, se o próprio presidente do clube vem a público e diz que “isso não é coisa pra ele”. Se o grande mandatário do clube está contando os segundos e diz que só não arreda o pé porque “só faltam alguns meses para o fim”, imaginem o que, consciente ou inconscientemente, o presidente transmite aos seus comandados, aos demais colaboradores e a sua comissão técnica.

Querem uma prova viva disso? Vejam Paulo Baier em campo. Este é o retrato atual do Atlético. Cansaço, desmotivação, baixo astral. Se o presidente da empresa em que eu trabalho vier a público, criticar a sua equipe de trabalho, disser que o conjunto não serve, que não vê a hora de pular do barco a ainda enfiar o pé na goela do consumidor, o maior tesouro da nossa empresa, não precisa ser nem um pouco inteligente para saber o que os demais funcionários pensarão deste momento em diante.

O problema passou a ser cultural. Não pensem que reforços ou troca de comando, a essa altura do campeonato, resolverão todos os nossos problemas. A ferida está escancarada e o único que poderia matar no peito e chamar a responsabilidade, infelizmente, perdeu-se em sua gestão. Quem deveria ser o pilar de sustentação, agride a maltrata quem menos merece. Uma pena.

Tudo isso é uma tremenda falta de respeito!

Aplaudam, aqueles que acham que está tudo bem, tudo certo. Pelo mal do Atlético, aplaudam.


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