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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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Arena, a inimiga
21/03/2011
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“Está ficando muito difícil jogar na Arena. A Arena, que sempre foi a arma do Atlético, está virando a grande inimiga”.
A frase acima foi proferida pelo treinador Geninho, logo ao final da patética apresentação perante o Operário de Ponta Grossa, no último sábado, que, na prática, representou a perda do Campeonato Paranaense para o Coritiba.
Quanto ao conteúdo, o técnico Geninho tem razão. Hoje, a torcida atleticana que vai à Arena não é a maior inimiga do time, mas é, sim, um fator contraproducente do time. As vaias acontecem desde o primeiro tempo, são recorrentes, e gerais. E não há dúvidas de que o jogador sente a pressão, rendendo menos do que o esperado.
O leitor que acompanha esta coluna sabe que tenho sérias dificuldades em conviver com as vaias durante o jogo. Tornei-me atleticano e cresci vendo times muto piores que o atual serem apoiados incondicionalmente durante a partida. Críticas ficavam para depois do apito final.
E não falo só das décadas de 80/90. Quem não lembra daquela partida em 2000, quando o "Ventania" (time reserva do Furacão) saiu perdendo de 2 x 0 para o Malutrom, e na base exclusivamente do grito da torcida conseguiu a virada?
Hoje, não tenho mais quase nenhum tesão em ir à Baixada, para ver torcedores não só vaiando, mas xingando (!) jogadores do próprio time. Olho para o lado e vejo cidadãos com as veias do pescoço saltadas, proferindo xingamentos eloquentes contra profissionais que estão vestindo a camisa do clube que o cara ama. Me desculpem, mas isso me parece coisa de pessoas com uma capacidade intelectual enormemente prejudicada.
Se concordo com o conteúdo da crítica colocada por Geninho, considero um absurdo utilizá-la após a partida de sábado. Ao culpar a torcida depois de uma derrota em que ele foi o principal culpado, o treinador atleticano beirou a covardia.
Seria muito mais digno o Sr. Geninho convocar a imprensa e pedir desculpas ao torcedor atleticano pela barbaridade tática que cometeu, ao insistir na burrice de desperdiçar nosso melhor zagueiro na lateral-direita. O primeiro tempo foi marcado por erros de passes e cruzamentos tentados por Manoel, enquanto o bom time do Operário aproveitava o corredor direito, por onde construiu a vitória. Assistimos ao sofrimento de Manoel, um zagueiro competente, tentando fazer o que não sabe na lateral, enquanto um sofrível Flávio era driblado dentro da área com facilidade, como no segundo do time do interior.
Minhas críticas a Geninho já são antigas. Trata-se de um treinador fraco, que nunca se criou em lugar nenhum, e cuja única campanha destacável na carreira foi em 2001, quando assumiu um time já entrosado e com padrão de jogo definido.
Manter Geninho no cargo é um erro que custará cada vez mais caro. Se antes não havia opções no mercado, hoje há. O Atlético precisa aproveitar a oportunidade, e demití-lo após o fiasco de sábado será ato repleto de legitimidade. Ou vamos esperar tomar 4x0 em casa no Campeonato Brasileiro, como em 2009?
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