Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Na corda bamba

16/03/2011


Corda bamba, eis o esporte favorito do Furacão nesse início de 2011.

Meu rubro-negro todo aventureiro e eu aqui enfrentando uma baixa-estima futebolística violenta. Desanimada, frustrada e traumatizada, mas cumprindo a minha rotina de torcedora fanática, assistindo aos jogos, defendendo o Furacão em todas as rodas e torcendo muito, muito mesmo.

Mas não tem sido nada fácil. Além dos sintomas já referidos, confesso que a decepção tem me causado uma dificuldade enorme de concatenar minhas próprias idéias o que tem me impedido de formar uma opinião sobre o atual panorama do Furacão.

Relembro o passado, analiso o presente, peso, comparo, questiono, me perco em divagações e não chego a lugar nenhum.

Mesmo assim, tento formar minhas próprias teorias e não me deixar levar pelos comentaristas de mero-resultado ou anarquistas de plantão e, dentre essas teses, há uma que acredita e reconhece os acertos da atual Diretoria, porém, incompreensivelmente, insiste em preservar uma atmosfera de amadorismo em determinados setores, sobretudo naquele que trata do futebol.

É certo que ninguém está de braços cruzados esperando que sejamos detonados, mas não dá pra deixar de reclamar e conviver com a sensação de que não podemos confiar em grande parte do “trabalho” e do “planejamento” que vem sendo desenvolvido.

Existem situações pontuais no Atlético que são incompreensíveis, desde o critério de contratação de jogadores, a política de manutenção dos mesmos, a forma como é conduzida a nossa categoria de base e a capacidade de extrair o melhor de cada um dos profissionais vinculados ao Atlético.

Parece loucura, mas a impressão que se tem é que ninguém mais quer vestir a nossa camisa. E eu realmente gostaria de saber o que acontece lá nas bandas do CT do Caju? É a estrutura que assusta? Cadê os nossos piás? Porque não buscamos reforços dentro de casa antes de partirmos nessa corrida desenfreada por jogadores?

Cada dia é um susto diferente e isso não dá pra ignorar. Chegamos num ponto em que o cara (Róbston) após uma longa novela é dado como contratado, aí é montado um esquema em cima da titularidade dele e de repente somos surpreendidos com a possibilidade de nem vingar o negócio. Tem também jogador que pertence a lista de dispensas, mas acaba jogando no mesmo dia (Henan, Wescley e Ivan Gonzalez). Isso sem falar quando dispensam o cara e mudam de idéia logo em seguida (Wagner Diniz). Pode?

E o que vocês me dizem do vazamento de informações que deveriam ser sigilosas? Somos vítimas de chacotas o tempo todo. Virou moda, agora expomos nossas feridas e lavamos roupa suja aos quatro ventos!

Futebol pode até ser uma caixinha de surpresas e contratação de jogador pode até parecer loteria, mas não é! Simplesmente não podemos nos dar ao luxo de contratarmos jogadores descartáveis o tempo todo, principalmente neste momento caótico pelo qual estamos passando.

Quanto aos reforços provenientes do pacotão emergencial anunciado, não dá pra tecer maiores comentários, até porque eu NUNCA ouvi falar de nenhum deles. Obviamente, torço para que dê tudo certo, mas não dá pra depender só disso e depositar as nossas esperanças em meras promessas e/ou jogadores que só bateram cabeça por aí.

A pressão está grande e tem tudo para aumentar ainda mais, afinal de contas a torcida atleticana jamais foi passiva e merece um time competitivo. E, em que pese eu ser completamente avessa a vaias e a queima sumária de jogadores, prometo não me calar!

Não podemos permanecer nessa corda bamba, assim como não podemos nos deixar “acostumar” com a mediocridade, tentando apenas justificar as coisas que não deram certo. Não é normal sofrermos em quase todos os nossos compromissos desde o início do ano e isso é injustificável!

Cresci vendo o Furacão ser (pelo menos) valente e aguerrido. Amadureci vendo o Atlético crescer e tendo a certeza de que sempre superaremos qualquer intempérie.

Nossa situação no Paranaense é crítica, mas serviu para jogar na nossa cara que estamos longe de ser aquele time seguro e que quase abocanhou uma vaguinha na Libertadores. Justo esse Campeonato que em tese não serve para nada, está sendo responsável pelo status de alerta que poderá nos livrar de um fiasco futuro.

Temos jogadores importantes e que podem render muito mais do que estão rendendo, no entanto, estamos longe de contar com uma equipe entrosada e competitiva! Por isso é necessário fazer mudanças significativas pra conquistar tudo aquilo que sonhamos.

Chega de circo, torcedor não é palhaço, e ficar nessa luta pra não se esborrachar no picadeiro já perdeu a graça. Queremos espetáculo, mas para isso é preciso muito mais do que malabarismos, precisamos de técnica e muito equilíbrio!


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