Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Resolver em campo

11/03/2011


Confesso que é um pouco difícil escrever depois do vexatório empate de ontem. Dizer o quê? Nosso time saiu de campo aos gritos de “vergonha”, fomos acuados em nosso antigo caldeirão e temos motivos de sobra para “cornetar” e pedir a saída de Bolicenho, MM e toda a turma que está nos transformando em um time de várzea sem a mínima dignidade. No entanto, não podemos deixar de notar, e isso certamente não é nenhum devaneio de minha parte, que estamos acumulando fracassos por fatores bem objetivos. Fatores extra-campo podem explicar muitas coisas, mas justificam o sufoco absurdo que tomamos do Arapongas? Elenco fraco, jogadores medianos advindos de equipes sem expressão, um goleiro inexperiente, defensores desprovidos de categoria... a lista é longa e concordo com todos os itens os amigos torcedores possam apontar. Todavia, não canso de perguntar, será que não temos elenco suficiente, ou a mínima raça futebolística, para pelo menos ganhar com tranquilidade do limitadíssimo “timãozinho”?

Sigo acreditando que estamos perdendo, sobretudo, para nós mesmos. Prossigo pensando que precisamos definir um padrão de jogo de mínimo: vamos atacar o tempo todo? Pressionar o adversário em seu próprio campo? Tocar a bola? Contra-atacar? Todas as opções acima? Não é possível que nosso time continue entrando nas jornadas como uma equipe de “peladeiros”. Não é aceitável a desculpa de que não tivemos tempo para treinar, que outros treinadores bagunçaram o elenco. Só os resultados, por ora, são importantes? Conversa mole. Precisamos de ações efetivas, de um treinador que imponha o mínimo de consciência tática aos jogadores e que não se restrinja a proferir palavrões na beira do gramado.

Em minha coluna passada dei algumas idéias que, com alguma boa vontade, seriam um ótimo começo. Onde está o mapeamento dos reforços necessários? Já não conseguimos definir os setores em que estamos carentes? Se perguntarmos para qualquer torcedor atleticano ele terá na ponta da língua nossos principais problemas e, de lambuja, algumas opções de mercado para reforçar determinado setor. Então, pergunto eu boquiaberto, por que não estamos fazendo isso? Se temos um “Departamento de Futebol” , e todos os sócios ajudam a pagar o salário dessas pessoas, por que é que eles não estão pensando nessas questões fundamentais? A resposta mais simples parece ser a mais complexa: porque ainda não conseguimos definir uma mentalidade e estamos retrocedendo em um amadorismo preocupante.

Muricy Ramalho costuma dizer que “a bola pune”. Nós? Continuamos cheios de interrogações acerca de nosso futuro e, com algum estarrecimento, acompanhamos nosso Furacão sendo castigado pela pelota.

PS: Agradeço imensamente à torcida atleticana pelos comentários, elogios e todo apoio recebido em minha coluna de estreia.


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