Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Malucelli não é Kadafi e nem Mubarak

26/02/2011


Sempre planejo a minha coluna durante a semana. Observo os fatos e a movimentação em torno do Clube, leio os cronistas da grande imprensa como Tostão, Juca Kfouri e Carneiro Neto, meus pares colunistas da Furacão, navego pelo site oficial do Atlético, enfim, procuro me informar com o que leio, vejo e sinto para emitir minhas opiniões. O tema que escolhi para essa semana, referia-se à criação de uma Agenda Positiva pró-Atlético, com objetivo de unir todos os segmentos e pessoas que giram em torno da Baixada, para mudar o ambiente no Estádio, no CT e onde mais fosse possível.

Eis que ao abrir a Gazeta do Povo, vejo estampada a notícia de que Petraglia pede a renúncia de Malucelli. O fato é pesado e inusitado, uma vez que o primeiro foi o principal apoiador do segundo no último processo eleitoral do Clube. Se fosse na política seria algo como um golpe de estado ou um impedimento, parecido com aquele que derrubou Collor e no mundo árabe, seria algo como o que acontece na Líbia de Muamar Kadafi ou no Egito com Hosni Mubarak. Os dois foram alvos de revoltas populares, que incendiaram seus países. Um balançou e caiu, enquanto o outro resiste firme a pressão interna e do mundo ocidental. Se Malucelli age como um advogado na política, já que essa é a sua formação, para mim é evidente que ele está longe de ser um ditador que age com a mão pesada na condução do Clube. A formação jurídica talvez tenha feito dele um gestor conservador, mas nunca um carrasco ou déspota. Ao contrário disso pelas informações que tenho, ele toma decisões de grupo e age como integrante de um.

Petraglia foi direto, ácido, seco e objetivo e a cada dia que passa, cria novos fatos que provocam desgaste em Malucelli, contando com uma boa ajuda da gasolina jogada na fogueira com as derrotas no Atletiba e Copa do Brasil. Respeito o histórico de Petraglia no Atlético, sei que ele é imortal no Clube nem preciso repetir os porquês. Mas ele próprio também perdeu jogos, títulos, disputas, finais e jogos importantes e ninguém, absolutamente ninguém agiu dessa forma tão pesada, exigindo a queda dele ou de seu grupo pelos resultados obtidos em campo.

Acho que ele assim como nós, deve esperar o processo eleitoral, construir sua chapa, prosseguir organizando seu grupo político e disputar democraticamente as eleições. Da mesma forma deve agir o presidente Marcos e seu grupo e ainda, se houver outros grupos que desejem o bem do Atlético, que se apresentem. O que ninguém agüenta mais são disputas públicas que acontecem na política do Clube, com chagas exibidas o tempo todo na imprensa, somadas a brigas entre as torcidas do Clube nas arquibancadas, atletas sendo vaiados de forma triste pela nossa torcida, tudo isso fruto de uma espiral de acontecimentos ruins, que tendem a se multiplicar senão encerramos esse ciclo de forma imediata, com um pacto em defesa do Atlético. Ressalto que acho legítima a organização de uma “oposição” e natural que ela se manifeste. É do jogo democrático.

Uma “Agenda Positiva” teria que ter eco também nas arquibancadas, com um pacto pró-atletas, baseado no apoio incondicional. Deve ter movimentações da diretoria para estar mais próxima dos jogadores e da torcida, dos sócios e daqueles que podem vir a se associar ao Clube. Deve estar presente nas declarações dos técnicos e dos jogadores em especial, que além de resolver os seus próprios problemas dentro do grupo, tem que se sentir respaldados pelas arquibancadas. Ninguém que mais ouvir mensagens cifradas de que o grupo está rachado, venham de onde vierem. Se não é o grupo dos sonhos, bem é o nosso grupo e se não estivermos ao lado deles, não sei quem poderá estar.

Essa é a missão de Geninho, que chega como um pacificador, capaz de domar egos e acomodar vaidades. Para mim pouco importa a partir de agora, se ele foi ou não a primeira opção da diretoria. O que importa é que ele agora é o nosso treinador.
Outro assunto que explodiu na semana, é a questão dos direitos de televisão e das movimentações em torno do Clube dos Treze. Como já vem acontecendo em outras situações aqui na capital, eles para lá e nos para cá. Mas na minha santa ignorância, eu pergunto como fica um acordo em separado do Corinthians pelos direitos de transmissão de um Atlético x Corinthians, se nós não aceitarmos os termos da negociação? Se eles podem negociar em separado, não seríamos forçados a negociar esse jogo da mesma forma? Ou a partida pode ser simplesmente transmitida sem a nossa anuência? O caso é que as feridas do futebol brasileiro aparecem a cada dia. Ainda vamos sangrar muito, ao contrário de quem já faz isso com profissionalismo como o basquete americano (NBA) e a Premier League (England), temos muito que caminhar.

Estive acompanhando a visita do Ministro Orlando Silva à Arena da Baixada, a convite de meu amigo Joel Benin. Conheço ambos de longa data e sei do empenho de Orlando em realizar um evento de qualidade no Brasil. Vamos torcer para que aqui tudo corra bem.


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