Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

2011

07/02/2011


2011 começou confuso para o Atlético. Inicialmente, havia sido mantida a base do time que terminou o Brasileirão na 5ª colocação. Bastou começar o ano para o clube perder Neto, Rhodolfo e Chico. Além disso, Manoel andou com a cabeça no mundo da lua, pleiteando "mais valorização". As notícias sobre estas negociações (exceto Chico) são de que houve algum tipo de pressão dos atletas para deixar o clube.

A primeira observação sobre esta situação é de que é cada vez mais difícil suportar o futebol, que segue uma lógica absolutamente oposta à da nossa vida cotidiana. O Direito Civil traz como princípio o pacta sunt servanda, ou "os contratos devem ser respeitados". No futebol, o jogador assina um contrato longo e depois resolve que "não é bem assim, agora tenho uma oportunidade de ouro, preciso ser melhor valorizado", muitas vezes utilizando de expedientes reprocháveis para ver suas pretensões atendidas.

Eu, como cidadão que obedece a lei, paga impostos, cumpre contratos e respeita a divisão de pistas no Parque Barigui, tenho cada vez mais dificuldade em absorver esta lógica futebolística (bem) brasileira. O clube obriga-se a pagar salários enquanto viger o contrato, independente do rendimento do atleta, ou mesmo em caso de contusões prolongadas (vide Claiton). Mas quando o jogador melhora seu rendimento (descobre que é melhor do que ele mesmo achava), o contrato não vale mais nada.

A segunda observação é de que o time precisa ser reforçado. O Atlético sofreu gols em todas as sete partidas do amador Campeonato Paranaense, o que é um sintoma gravíssimo. O primeiro turno já foi para o buraco. É vital que o time recupere-se no segundo turno e siga evoluindo, para podermos chegar ao Campeonato Brasileiro com alguma ambição diferente de permanecer na Primeira Divisão.

Vibração

O diretor de futebol Valmor Zimermann declarou que o Atlético procura um treinador "vibrante". Provavelmente a preoucpação do dirigente decorreu da falta de alma demonstrada pelo time na partida pífia diante do Cascavel.

É fato que o time precisa de vibração. Porém, a solução não precisa ser no comando técnico. Bastou entrar no time um jogador vibrante como Claiton, além da volta do líder Paulo Baier, para a equipe entrar nos eixos. Contratar (investindo pesado) um técnico como Émerson Leão simplesmente pelo seu "autoritarismo" não me parece ser a melhor decisão.

"Trio de ferro"

Hoje, quem escutar as rádios paranenses, certamente ouvirá jornalistas com discurso inflamado bradando que "o Paraná Clube não pode continuar nesta situação...". Temos escutado isso há anos. É que o jornalista, pelo papel público que exerce, não pode dizer friamente a verdade (embora eu ache que também não precisam fingir uma realidade que não existe).

Eu, como mero atleticano, posso. A verdade é que o Paraná não faz sentido. É um clube que tem como único "feito" uma série de conquistas estaduais na fase em que os grandes da capital estavam no limbo. Sua situação financeira é cada vez pior, e o futebol tem sobrevivido de uma relação às vezes promíscua com empresários. Até aí, tudo bem, muito clube grande já passou por isso e deu a volta por cima. Mas o Paraná não tem o essencial: torcida. E apenas um movimento massivo da torcida é capaz de reerguer uma entidade esportiva no caminho da falência.

O afundamento do Paraná não há de ser lamentado. Atlético e Coritiba deixarão de perder um espaço indevido na venda de direitos de transmissão do campeonato estadual e na própria imprensa, que absurdamente ainda dedica 1/3 do seu tempo à audiência invisível. Deixemos que aconteça o natural.


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