Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Tem que ter a base

19/01/2011


“ – Se liga... consegue dar um kickflip, heelflip, darkslide, rockslide, 50-50? Tem que ter as base (sic)”.

Papo comum em meio as manobras na pista do Gaúcho ou no Ambiental em meus tempos de skate. Com o tempo vamos percebendo que para tudo na vida tem que ter as base, senão a coisa não anda mesmo.

Estamos com alguns problemas de e na base e não é de hoje. E a crítica não pretende ser oportunista depois da eliminação na Copinha para um inferior, mas aguerrido coxa. Ah, justamente os coxas no nosso caminho novamente, assim como foi na conquista (deles) da Copa BH ano passado.

O treinador de lá era o de cá até 2010 e saiu dizendo que mesmo com o Atlético tendo coberto a proposta alviverde preferia sair, já que (segundo ele) no Coritiba ele trabalharia para dar base e sustentação ao time principal, tendo como princípío os juniores saírem formados como bons jogadores, enquanto que no rubro-negro importava produzir, como que em série, atletas para posterior venda e lucro ao clube.

Verdade ou mentira dependendo da visão de cada um, não podemos negar que os resultados advindos do CT do Caju são aquém do esperado e do proposto quando da construção de tão moderno, científico e bem planejado centro de treinamentos. Aliás, o tal cientificismo pregado pelo ex coordenador científico, o russo-londrinense nos trouxe resultados pífios e mostra que a maneira como o Atlético se comportou com as categorias de base era errada. E pelo jeito ainda não foi devidamente consertada.

Um clube como o Atlético não pode depender de apostas para formar uma dupla de volantes e nem ter que improvisar tanto como teve que fazer até bem pouco tempo atrás para cobrir as alas. Formar um goleador é mais difícil, até porque tanto para a artilharia como para o brilho técnico do meio campo que comanda o time existe uma aptidão natural inerente ao sujeito e não há “escolinha” que ensine o atleta a se tornar craque. Entretanto o mau treino pode engessar um bom jogador, robotizar seus movimentos e tolher sua criatividade.

E parece que isso tem acontecido. O futebol moderno anda tão carente do drible, da ousadia que quando vemos isso nos assustamos. Até mesmo a arbitragem brasileira, sempre pretendendo aparecer mais que os verdadeiros protagonistas já apitou contra o drible, já preferiu interferir naquilo que julgou “atitude anti desportiva” do que na violência dos brucutus que tomam conta dos gramados brasileiros. Não à toa na última seleção da FIFA tivemos lembrados o zagueiro Lucio e do lateral Maicon, enquanto nossos meias ofensivos e atacantes, sempre incensados e tidos como craques, não figuravam em nenhuma lista prévia.

O Atlético precisa fazer com seus meninos joguem bola, que arrisquem, que ousem, que tentem (e eventualmente errem, lógico, são humanos) na base, quando a obrigação é menor, a responsabilidade é menor e o aprendizado mais fácil. Conquistar títulos na base é conseqüência, não deve ser tratado como prioridade, mas ver um time se encolhendo durante o jogo, ver atletas com chuteirinhas coloridas e cabelinhos de banda emo serem burocráticos, querendo segurar um 1 X 0 contra um rival mordido, cheio de desfalques e que mal tinha banco de reservas foi feio.

Faltou a ousadia, a tentativa do drible, o tal futebol moleque que ao menos os próprios moleques devem ter o direito de exercitar em campo, já que a vida de profissionais lhe cobrará alto o preço da profissão , lhes “roubará” um precioso tempo junto à família devido ao ritmo de treinos, viagens e concentração. O mínimo que se espera de um clube que tanto investe na base como o Atlético, é ver saindo da base bons jogadores, livres dos vícios do engessamento do futebol atual, atletas bem preparados e que façam do futebol muito mais que sua profissão, que se ganha pão, que façam do futebol a sua arte.

PARANAENSE

Não bastasse o valor quase simbólico pago pela tv, inclusive pagando a mesma coisa para os três da capital como se eles fossem do mesmo tamanho, não bastasse a repetição da eterna má vontade para não dizer outra coisa de Herber Roberto Lopes no apito contra o Atlético, não bastasse o Furacão sequer fazer sua parte e perder bisonhamente para o singelo Arapongas, o time do Malutron coloca um ingresso a R$ 50 para vermos o jogo no barranco, sem nenhuma cobertura ou área decente.

Engraçado que a imprensa aqui se cala, talvez achando a coisa mais normal do mundo. Ou é só coincidência o fato do dono daquele time ser também proprietário de veículos de comunicação.

Parafraseando o eterno Chico Sciense, hoje é um jogo “da lama ao caos, do caos a lama”.

ARREMATE

“ Andá com fé eu vou/
Que a fé não costuma faiá.”
. Andar com fé – GILBERTO GIL.


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