Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Com amor

15/12/2010


É cada vez mais raro conseguirmos almoçar em casa devido à correria do dia a dia. Costumamos inclusive comer no mesmo lugar, por comodidade, pressa ou pelo preço. E como valorizamos quando comemos aquela comida com gosto de comida da mamãe, da vovó, aquele rango caseiro que por mais singelo que seja nos enche de prazer.

O feijão da mamãe não tem igual! Desde que minha mãe se foi me rendo à habilidade de minha irmã mais velha em cozinhar como nossa Rosa fazia e tento ao menos uma vez por semana comer aquele feijão que me remete à comida materna. Comida feita com amor é muito melhor!

Nesta época de final de ano a gente participa de congraçamentos, festividades, amigos secretos que por vezes nos desnudam perante pessoas que na verdade nem gostamos muito. Forçosamente somos “obrigados” por uma convenção social a presentear conhecidos que sequer são nossos colegas, quiçá amigos. A diferença entre dar-lhes um presente e dar o regalo a um sobrinho, afilhado, namorada, irmão, filho é descomunal. Dar um presente com amor significa tanto para quem recebe como para quem dá.

O futebol se tornou sem sombra de dúvidas um grande e lucrativo negócio. Na verdade um gigantesco negócio que mexe com cifras milionárias e cada vez maiores. Mas pensar o futebol, esporte apaixonante por excelência somente como um negócio é um erro, pois ninguém torce para empresa, ninguém faz carreata ou segue caminhão de bombeiros abraçado à bandeira da bolsa de valores porque o balanço do clube mostrou superávit.

Ainda que seja um grande negócio, o futebol é amor. É por amor que saímos do conforto do lar após a farta refeição de domingo e num dos raros momentos em que temos para ficar ao lado de quem gostamos para irmos a um estádio, enfrentarmos frio, chuva ou sol senegalês, colocamos a camisa do clube, um artefato de tecido que não custa mais que ¼ do preço que pagamos pela grife que amamos ostentar, gritamos loucamente por 11 cidadãos que sequer sabem que existimos, que podem ano que vem estarem defendendo outras cores e pouco se importando conosco enquanto para nós a mais simples derrota é dor de cabeça certa no dia seguinte quando parece que o mundo vai acabar.

2010 pode não ter sido o ano dos sonhos, mas nos fez sonhar. Trazer um jogador do gabarito de Guerron, uma estrela ascendente como Branquinho, ter mantido Paulo Baier, não ter se desfeito da excelência do futebol de Rhodolfo ao primeiro canto da sereia foram mostras de que o clube tenta mudar de mentalidade. Um time minimamente competitivo chegou nas cabeças, lutou bravamente até o final do certame, nos abriu perspectivas para um 2011 ainda melhor e recuperou um pouco daquele amor que estava rareando nos últimos anos devido às fracassadas campanhas que fazíamos desde 2006.

Só pensar no negócio, no dinheiro é um erro. Tudo na vida que é feito com amor é mais gostoso. Alguém duvida?

ARREMATE

“Amanhã só faço o que eu quiser/
Quando o amor era medo/
Eu achava melhor acordar sozinho”
. Quando o amor era medo – ROBERTO FREJAT


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.