Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

O fácil é o certo

04/11/2004


Tive muitas influências de minha irmã mais velha, dentre elas o gosto pela leitura, a crítica incisiva e fundamentada e o apelo ao rock nacional. A banda que mais marcou minha pré e adolescência foi o Titãs, mas não a melódica banda de hoje em dia e sim o visceral grupo que tinha nos rostos de Branco Mello e Arnaldo Antunes sua marca registrada de irreverência e rebeldia. Uma música, que na verdade nunca fez sucesso, tinha esse sugestivo título: "o fácil é o certo".

Essa pequena frase, extraída de algum ensinamento oriental, já me foi útil diversas vezes na vida e parece que agora, no momento agudo do campeonato pode se encaixar perfeitamente ao Atlético. Perdemos um jogo e o campeonato estadual para nosso ex-rival justamente por causa das invenções daquele que se julga professor de Deus. Se fizesse o fácil, com certeza teria feito o certo.

A eterna novela entre parte da torcida e a diretoria parece não ter fim. Uma parte não abre mão, a outra sequer abre um canal de comunicação. Uma parte xinga acintosamente a outra, que responde na mesma moeda. O fácil não seria entrar em negociação, cada um cedendo terreno, indo desarmado ao debate e tentando entender o outro lado? A briga agora parece mais filosófica do que prática, muita ideologia e pouco conteúdo. Ambas as partes resolveram ir pelo caminho mais difícil e agora conseguem perceber que foi o caminho errado.

Nosso competente treinador também parece que precisa voltar a fazer o fácil. Um time de características ofensivas, com inteira propensão ao ataque, foi fadado de uma hora para outra a jogar eternamente no erro do adversário, à espera do oponente. Por isso, os últimos resultados não foram os esperados e o time mostrou uma fragilidade que antes não possuía. Se o time jogava fácil, ganhava, convencia, por que mudar? É provável que Levir Culpi já tenha visto o erro na estratégia e que faça os ajustes necessários para o time mostrar que tem bala na agulha e pode ser campeão sim, senhor.

Por fim, o craque, aquele que desequilibra. Aquele que faz o inesperado, o lance genial, o fora de série. Mas também é aquele que deve saber a hora de fazer o mais fácil, o certo. Jadson não precisa mostrar mais nada pra ninguém a não ser para si próprio. Por vezes, é mais fácil, e certo, tocar de lado para Fernandinho e não mandar uma bola de trivela do outro lado para Ivan. Por vezes, o mais fácil, e certo, é tocar para o Alan Bahia, livre atrás dele e não tentar uma bola em profundidade para o Washington marcado por três adversários.

A partir do momento que Jadson voltar a dimensionar sua importância para o time, mostrar mais entrega e dedicação ao conjunto e lembrar que o fácil é o certo, retomaremos a confiança rumo ao sonhado bicampeonato. Não está difícil, basta acreditar e fazer o fácil, normalmente o certo.


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