Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

O importante é ser feliz!

03/12/2010


Quando criança, aprendi inúmeras virtudes que um ser humano pode carregar para sempre, por toda a sua vida. Aprendendo direitinho pelo menos metade das virtudes deixadas nas lições por nossos pais, traçamos o caminho para a felicidade. E nessa vida, o que realmente importa é ser feliz.

Percebam por onde as estradas nos levam. Percebam quais são nossos verdadeiros objetivos. Crescemos, estudamos, trabalhamos, formamos uma família, produzimos herdeiros, cuidamos dos nossos pais, dos nossos amigos e dos nossos familiares como se fossem parte de nós. Fazemos tudo, mas tudo mesmo, com apenas um grande ideal: ser feliz. Se não somos felizes, de nada vale a vida. Fica vazia, sem graça, sem sal.

Tenho impressão que aprendi a lição. Ou pelo menos boa parte das lições. Perdi muito, ganhei muito mais. Perdi amigos, perdi familiares, criei algumas ilusões e cheguei a perder a esperança. Acontece que quando começamos a parar de sonhar e de idealizar, é sinal de que precisamos recorrer aos bons e velhos livros da infância, aqueles que nossos pais nos deixaram. E bem que nos avisaram que nunca jogássemos fora! Apenas com algumas das virtudes, como respeito, humildade e persistência, somos capazes de dar a volta por cima. E quando damos a volta por cima, vem de novo aquele desejo incontrolável de ser feliz. E o importante é ser feliz!

Dia desses escutei algo curioso em uma cerimônia de casamento, o qual relato abaixo:

“Um dia ainda vou fazer um estudo. Hoje em dia temos muitos e muitos casamentos, alguns que duram pouco, outros que duram um pouco mais, outros que quase não saem do papel e outros que duram para sempre. É engraçado o ser humano, e é justamente isso que me intriga...

...o sujeito troca de esposa, troca de marido, troca de novo, casa, descasa, namora, separa, casa outra vez. Experimenta uma vez, duas ou três. Mas vejam como é curioso o mundo do futebol. Nunca, nunca mesmo, o sujeito troca de time. Que tipo de sentimento é esse que move as pessoas? Um dia ainda vou descobrir”


Curioso mesmo. Talvez seja um tipo de cumplicidade inexistente em qualquer outro lugar deste mundo. E talvez a procura por um, dois ou três amores, seja justamente a procura desesperada pela felicidade. E todos têm, sem dúvida, o direito de buscar, seja onde for, seja como for, a alegria de ser feliz.

Logo que ouvi a declaração acima, imediatamente me vieram as lembranças de cada jogo, cada gol, cada sorriso e cada lágrima que derrubei pelo Atlético. Me lembrei dos tempos em que eu era criança, quando ouvia os conselhos da minha mãe e começava a aprender os primeiros princípios básicos da vida. E o Atlético já fazia parte da minha vida... e fez por muito tempo... e fará por todo o sempre.

Tentem me tirar o Atlético pra ver o que acontece! Como é misterioso esse tipo de amor...

Por isso não me importa se o Atlético joga no próximo domingo sem chance de ser campeão ou sem chance de conquistar uma vaga na Libertadores. O que me importa, única, simples e exclusivamente, é o Atlético. O Atlético do meu coração. Aquele que aprendi a amar, a respeitar. É por ele que luto, é por ele que vibro, que cobro e que canto. É pelo Atlético que me emociono todas as vezes em que ele entra em campo.

Deste ano, o que levo de mais valioso é o gol de Paulo Baier aos 47 minutos do segundo tempo no jogo contra o Grêmio Prudente, dia 14 de novembro na Baixada. Aquele gol foi o símbolo da superação, da alegria, da humildade, do respeito e de tudo quanto é mais bonito nessa vida. Foi um golaço, daqueles que nos fazem perder o fone de ouvido, perder a compostura e perder o ar. Daqueles que fazem voar longe o celular. Daqueles que nos dividem ao meio, para poder abraçar a todos os que estão ao nosso lado. Um gol daqueles que nos faz sentir um gosto de estar começando tudo outra vez. Um gol de inteligência, de equilíbrio, de raça, de coração. Um gol de Paulo Baier.

Deste ano, o que levamos, todos nós, é a alegria de ser atleticano. É por isso que estaremos na Baixada, no próximo 05 de dezembro de 2010, para aplaudir, em pé, a nossa paixão. É nossa obrigação o agradecimento, o reconhecimento e a dedicação de amor a quem nos faz feliz, sempre! E o importante nessa vida, é ser feliz!

** Dedico essa coluna a Fabi, mulher mais importante da minha vida. Quem me fez de novo voltar aos velhos e bons livros da infância, quem me fez resgatar os bons valores da vida... e quem me fez sorrir, outra vez...


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