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Jean Claude Lima
Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".
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O que é mesmo um absurdo?
30/10/2010
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Algumas definições da palavra “absurdo” são bem interessantes: Que não faz sentido; que se opõe ao convencionado ou convencional; algo que não faz sentido; absurdidade; plano irrealizável; utopia; o que é contrário à razão ou que está para além dos limites da racionalidade. O mesmo que paradoxal, ou que não obedece ao senso comum.
No meio da semana em entrevista a Rádio Transamérica, o presidente do Atlético, Marcos Malucelli, disse que “a Copa no Brasil já é um absurdo”. Isso chega ser até surpreendente, quando lemos as definições da palavra e em especial, nessa altura do campeonato, onde a realização da Copa em Curitiba já mobilizou amplos setores da sociedade civil, a própria direção do clube, torcedores e o poder público.
A Copa virou pauta da eleição presidencial, com os dois candidatos defendendo a sua realização no Brasil, da mesma forma como defenderam a realização das Olimpíadas. Há consenso entre todos de que a realização da Copa trás avanços significativos para as cidades, pois além dos estádios, a Fifa exige infraestrutura adequada para sediar o Mundial. O Brasil está prevendo obras de infraestrutura em diversos setores, especialmente em mobilidade urbana e Curitiba vai ganhar mudanças significativas já previstas no PAC, muitas delas perto da Arena. Aliás, faz tempo que não temos investimentos importantes no Paraná.
E mesmo assim, para o presidente Marcos Malucelli, a realização da Copa no Brasil, e na nossa Arena é um absurdo. O Paraná Clube há 60 anos, na Copa do Mundo de 1950, foi uma das seis sedes, ao lado de Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, no estádio Durival Britto e Silva, a Vila Capanema. Como não existiam departamentos de marketing, o “negócio futebol” era menos entendido dessa forma como é hoje, pouco ou nada se fez para capitalizar isso. Agora tudo é diferente, os tempos são outros e daqui a muito tempo, seremos lembrados como o estádio que foi sede dos jogos da Copa do Mundo. Poderemos fatura com o turismo, realização de eventos, criação de um museu para visitação, brindes, lembranças e muito mais coisas que ainda serão criadas. Não precisamos esperar a Copa chegar para antecipar a criação de políticas de captação de recursos. Quanto mais anteciparmos o momento, mais cedo começamos a usufruir dele. Se tivermos que mandar nossos jogos em outro lugar, é hora de convocar a torcida para uma mudança “heróica”. Ela responde bem aos chamados da diretoria, já que é apaixonada e maluca pelo time.
O tamanho da Arena é um típico caso “onde menos e mais”. Mais lugares pode comprometer itens como segurança, conforto, qualidade de atendimento na prestação de serviços, problemas com mobilidade urbana e etc. Menos lugares é a antítese de tudo isso.
Faço de tudo para compreender a posição do nosso presidente. Acho que por diversas vezes ele raciocina como advogado e por vezes creio que falte nele o “sangue nos olhos”, aquela gana de um dirigente apaixonado capaz fazer de loucuras pelo time. Ao mesmo tempo, sei que esse não é o perfil do dirigente moderno, que deve ser lúcido, comedido até, não colocando o futuro e nem a governabilidade (saúde financeira e gerencial) do Clube em risco. Mas defendo uma posição que acho importante ressaltar, que foi a que nos trouxe até o estágio em que estamos. Não podemos abandonar o papel de protagonistas dentro do futebol brasileiro e paranaense. E assumir esse papel exige uma grande responsabilidade, que vai além das quatro linhas. Requer construir uma inteligência de negócios em torno da gestão do Clube, que possa colaborar criação e geração de novas idéias, projetos e propostas. Mais sutilmente ao mesmo tempo de forma mais profunda, compartilhar de forma inteligente espaços de poder onde isso seja possível, criando uma forte unidade na administração do Clube, além de estabelecer compromissos permanentes com o fortalecimento do projeto. A premissa básica dessa filosofia é simples: o Atlético é de muitos e não de poucos.
Enfim, acho que ainda haverá movimentações importantes em tudo que envolve a Copa do Mundo no Brasil. Certa ou errada, absurda ou acertada a decisão de realizar o evento em nosso campo está tomada. Houve uma ferrenha disputa para que isso acontecesse. Ganhamos. Vamos aproveitar!
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