Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Sob encomenda

25/10/2010


Não é difícil distinguir erros decorrentes de incompetência (ou falha de interpretação) daqueles em que a arbitragem é dirigida. Basta analisar os critérios adotados pelo juiz.

Quando Guerrón caiu na entrada da área, o árbitro Wilsno Luiz Seneme pode até não ter visto o toque do zagueiro do Fluminense no atacante atleticano. Neste caso, então, adotou a presunção de que o equatoriano se atirou, e por isso não assinalou a penalidade.

Ocorre que quando o atacante Tartá, do Fluminense, jogou-se na área atleticana, Seneme não titubeou e marcou o pênalti. As câmeras mostraram claramente que não houve um choque violento, apesar da imprudência do rubro-negro Ivan Gonzáles no lance. Fosse coerente, o árbitro presumiria a inocorrência da falta, como fez com Guerrón. A única conclusão a que se pode chegar é de que o juiz adotou a presunção inversa: não vendo a falta (já que ela não houve), presumiu que o jogador carioca teria sido derrubado.

E foi assim durante toda a partida. Em vários lances de bola lançada ao ataque, o atacante Bruno Mineiro era claramente agarrado por trás, sem que Seneme anotasse a infração. Por outro lado, marcou uma série de faltas do ataque atleticano em lances em que ninguém mais do estádio conseguiu vê-las.

Desvios sutis, que interferem no resultado, porém sem chamar a atenção da grande mídia especializada. O mestre Edílson Pereira de Carvalho ficaria orgulhoso.

É profundamente lamentável que o Atlético, ao conseguir equilibrar um jogo contra o milionário elenco do Fluminense, tenha a vitória subtraída pelo mesmo árbitro que já havia prejudicado decisivamente o Furacão na partida contra o Cruzeiro, pelo primeiro turno.

Conmebol

E a Conmebol tirou o "bode fedorento" da sala. Devolveu a vaga da Libertadores que havia furtado do Brasil, com uma pequena condição: desde que não se tenha um campeão brasileiro na Copa Sulamericana.

Ficou muito clara a estratégia ardilosa da entidade. Os dirigentes precisavam resolver o problema da vaga concedida para o Campeão da Sulamericana, e tinham como 'alvo' para o furto o Brasil. Assim, primeiramente cassaram a vaga brasileira de forma abrupta, causando furor dos prejudicados. Em seguida, restituíram a vaga com esta restrição igualmente injusta, mas provocando uma sensação de satisfação para nós brasileiros, já conformados com o mero "G3".

Atitudes como esta merecem nosso repúdio, e mostram por quê o futebol brasileiro ainda está tão atrasado com relação ao europeu. Lá, existe seriedade. Aqui, politicagem e desrespeito.


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