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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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O show tem que continuar
05/10/2010
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A essa altura do campeonato, Carpegiani não é mais ninguém para falar de ética profissional. Ele se foi, e com ele se foi também a ousadia de um bom profissional. Digo bom, pois se fosse excelente, ainda estaria por aqui, afinal de contas, um excelente profissional precisa reunir um mundo de virtudes, inclusive ética.
Carpegiani se foi ao não resistir à tentação do caminhão de dinheiro despejado pelo São Paulo na porta do CT do Caju. Ao contrário do que o técnico disse quando chegou ao Atlético (alguém lembra?), ele virou as costas ao clube e seguiu viagem, exclusivamente, para “ganhar mais”. Quando chegou no Furacão, pregou um discurso humilde, como se deixasse bem claro que dinheiro não é tudo, e que prevalece sempre a dignidade do profissional e o desafio que teria de tirar o Atlético do seu pesadelo maior: o rebaixamento. E tirou, com competência e muito trabalho. Mas mudou o seu discurso, rasgou o papel da ética e abandonou o Atlético em um momento importante.
Não pensem os atleticanos que estou magoado ou enfurecido com Carpegiani. Pelo contrário. Sempre mantive o meu pé atrás e a única coisa que exigi, não apenas dele, mas de toda a comissão técnica e diretoria de futebol, foi resultado e no mínimo um time decente, competitivo, que brigasse sempre pela ponta de cima da tabela, ao contrário de estar sempre beirando a turma de baixo. E este desejo nunca foi só meu, tenho certeza.
O certo é que hoje em dia não podemos mais, neste mundo do futebol, acreditar em discursos bonitos, em promessas de amor eterno, em compromisso, em fidelidade. Especialmente no mundo atleticano, a única fidelidade existente é do seu torcedor. O torcedor é o único que promete e cumpre. Está sempre lá, na alegria e na tristeza, ajoelhado, jurando amor eterno. E tenho certeza que o Atlético, sem Carpegiani, será carregado por sua imensa torcida. Tenho impressão que essa demissão nos inflamou, e me sinto até um pouco provocado pelo ex-treinador, na obrigação de mostrar que existe vida além de Paulo César Carpegiani.
Fica aqui o meu registro de reconhecimento ao trabalho de Carpegiani, mas também fica aqui o meu pedido para que a torcida tenha em mente que nada do foi conquistado até aqui aconteceu apenas com o suor e o trabalho do ex-técnico. Não fosse a excelência de Neto, Manoel e Rhodolfo, a evolução de Chico, Guerrón e Branquinho e a sempre importante presença de Paulo Baier, talvez o caminho tivesse sido mais complicado. E talvez o São Paulo não tivesse cruzado a vida de Carpegiani. Coisas do futebol...
A verdade é que não somos e não estamos órfãos. A vida continua, e se fosse mesmo pra Carpegiani ir embora, que fosse logo. Que vá curtir a vida no São Paulo e que já tenha a primeira derrota na próxima rodada. Só não me venha, nunca mais, falar de ética.
Seja bem-vindo, Sérgio Soares! Trabalhe com simplicidade, humildade e, acima de tudo, inteligência. A nação atleticana está do teu lado.
"Mas iremos achar o tom
Um acorde com um lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez, o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O Show Tem Que Continuar..."
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