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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Ouvi inúmeros comentários sobre o jogo da última quarta-feira, diante do fraco e sofrível time do Atlético Mineiro. Sinceramente, frente a alguns comentários, desconfiei que não tinha assistido ao mesmo jogo.
O Atlético, nos primeiros 30 minutos de jogo, foi gigante. Com um toque de bola envolvente, exceção dos nossos laterais que parecem cumprir ordens de não subir ao ataque, a equipe foi muito bem. Só não resolveu o jogo nestes primeiros minutos porque Branquinho foi incompetente e não teve a categoria necessária para dominar a bola e escolher o canto de Fábio Costa. Pela inoperância e por não ser possível utilizar o mesmo espaço de campo que Paulo Baier, não deveria ter voltado para o segundo tempo. Se voltasse, só a torcida inteira do Atlético já sabia que era uma questão de tempo a substituição.
Após tomar o gol de empate devido a uma falha infantil de marcação, o Atlético sentiu o tombo e parou em campo. Deixou de jogar e fez com que o adversário, mesmo contando apenas com a qualidade de Ricardinho e Daniel Carvalho, tocasse mais a bola e encaixasse mais a marcação, povoando um pouco mais o meio e dificultando a chegada do time rubro-negro ao ataque. Sabíamos que Vitor estava mal e precisava dar lugar a Olberdam, o que demorou para acontecer. Sabíamos também que não dava para esperar que Maikon Leite, desta vez, decidisse o jogo. Não era a noite de Maikon, que possui velocidade, mas não estrutura física para ganhar o jogo de corpo contra os adversários.
Era visível na noite de quarta-feira, que Paulo Baier estava errando muito, estava cansado, talvez apático, e mesmo assim era um dos jogadores mais importantes em campo. Na minha opinião, “um” dos mais importantes, pois o mais importante foi Rhodolfo, um gigante na defesa e que nos passava uma sensação de tranqüilidade, algo importante nesses jogos em que, na ânsia de vencer, um contra-ataque adversário pode ser fatal. Estava claro que o Atlético, na noite contra o Galo mineiro, precisava de “algo mais”. E este algo mais não foi Guerrón, esperança atleticana que poderá passar a ser uma “furada” caso seja obrigado a jogar apenas em alguns metros quadrados de campo na ala direita (impressionante como o equatoriano não se movimenta a nenhum outro lugar do gramado).
E o golpe final veio dos pés do paraguaio Ivan González, menino que entrou para salvar o “couro” do técnico, que já começava a receber as críticas das arquibancadas. O garoto Ivan, que não é craque, mas é bom de bola, parece ter o que mais da metade do time do Atlético não tem: tesão em jogar bola. Sem medo se a jogada vai dar certo ou dar errado, González vai pra cima, encara o adversário, mostra o talento e, principalmente, gira o corpo sempre em direção ao gol. Reparem neste detalhe quando ele estiver em campo. Ivan parece ter assumido de fato o espírito atleticano, só vamos esperar que ele contagie o elenco e fique longe das “laranjas podres” do CT.
Enfim, o que quero dizer é que assisti a um jogo diferente. Vi o Atlético ter muitas dificuldades e ainda depender bastante do talento de Baier. Vi o Atlético criar pouco pelas laterais do campo e insistir o tempo todo pelo meio. Vi a falta de vontade de Branquinho e o sono de Paulo Carpegiani em mexer na equipe. Mesmo com sua morosidade e inconstância, Carpegiani tem mostrado resultado, talvez mais por sorte que juízo.
Ao meu ver, o Atlético vive, neste momento, uma fase de instabilidade. Seja por algum fato desmotivador, seja pelas incoerências do comando técnico, seja mesmo por falta de qualidade, não vejo no time grandes evoluções. Conforme o pensamento de Carpegiani, mais importante do que jogar bem é ganhar, mas eu, sinceramente, ainda sinto alguns receios. Espero que o tempo me prove o contrário. Quem sabe neste próximo sábado, jogando fora de casa, esta prova já venha. E que Carpegiani comece a trabalhar com o óbvio, como por exemplo, a escalação de Héracles na esquerda. É de longe, a melhor e a única opção. Quem sabe assim eu comece a me render.
Pobreza...
E o tal retorno do time verde para o abandonado e eternamente reformado Couto Pereira? Depois de todo o acontecimento, toda a violência e toda a quebradeira, acham que é uma glória o “retorno”. Meu Deus, como tem gente pequena neste mundo... que pobreza!
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