Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Elementos de campeão

01/10/2004


O Atlético está voando com os pés no chão! Para uma equipe que pretende chegar ao título, o Furacão nos promove alguns espetáculos, nos deixando a certeza de que o conjunto do Atlético está unido em busca de um só ideal. O que antes teria princípio na volta por cima e na empolgação de uma nova fase, hoje tornou-se concreto e consistente. O Atlético reúne, a esta altura do campeonato, alguns elementos fundamentais para cada vitória, ou cada decisão. O mais importante destes elementos é, sem dúvida alguma, a união entre os jogadores, a qual podemos observar claramente a cada jogo. O aplauso amigo, a bronca merecida, a mão na cabeça no momento certo e a vibração contagiante nos leva a crer que este é mesmo o nosso Atlético campeão.

Outro elemento fundamental que muito nos chama a atenção é o poder de superação da equipe. Em Salvador, completamos a terceira partida consecutiva em que saímos com o marcador adverso, mas com muita disciplina aplicada em campo, com o equilíbrio de vencedor e com a inteligência vinda de um homem chamado Levir Culpi, provamos mais uma vez ao Brasil inteiro porque estamos onde estamos, como estamos e onde queremos chegar. Não podemos negar que o ditado "de virada é mais gostoso" às vezes nos deixa com o coração na mão, coração que começa a pulsar no ritmo de uma nova estrela.

Não posso deixar de citar um elemento natural, aquele que aparece nos momentos em que mais precisamos, que são os talentos individuais de algumas peças essenciais ao time. Entre os destaques, Diego puxa a fila como um dos grandes goleiros do país, fazendo contra o Cruzeiro, na minha opinião, uma das defesas mais difíceis do campeonato, quando espalma a bola com a mão esquerda em um chute cruzado de Sandro. Nas alas ainda temos carências, agora mais especificamente na ala direita, pois na esquerda Ivan nos fez morder a língua quando encontrou uma forma dinâmica de jogar futebol e pelo jeito se adaptou muito bem. Marinho é fundamental, Rogério Corrêa faz falta (e como), Marcão é de fato um grande zagueiro, guerreiro e implacável, com a cara do nosso time.

Sobre Alan Bahia não há o que se comentar, é um verdadeiro gigante, assim como Fabiano, que vem provando que ainda existe muito amor à camisa no mundo do futebol. Fernandinho, Jadson e Dagoberto são jovens que estão encantando o Brasil com um futebol solto e ao mesmo tempo "moleque", daqueles que arrancam suspiros das arquibancadas. O que falar de Washington? O coração valente que nos faz acreditar que tudo é possível, um atacante com força e sempre em direção do gol, um verdadeiro matador que qualquer time deste campeonato gostaria de ter. Washington não me encanta com seu futebol, mas me emociona como emociona a qualquer atleticano de coração. Comandando a rapaziada, um professor Levir tranqüilo, competente e sortudo, afinal, sorte também é elemento importante de time campeão.

Impossível não ser otimista diante de um momento de Deus que vive o nosso Furacão da Baixada. Impossível deixar passar batido o assunto Atlético, seja no trabalho, nas ruas ou nos bares, seja onde for. A corrente está formada, os caminhos estão traçados, e já deito minha cabeça no travesseiro sabendo que o sonho de cada noite pode estar cada vez mais próximo de virar realidade. Nada pode dar tão errado a ponto de nos tirar a taça este ano. Acreditem atleticanos, o Atlético será bicampeão brasileiro.

Nota de inexistência

Não estarei entrando com detalhes no assunto "ingressos", pois meus propósitos, assim como os de milhares de atleticanos, estão além, muito além de cifrões. Porém, faço questão de comentar sobre a entrevista intitulada "O olho do furacão", concedida pelo Presidente do Conselho Deliberativo do Clube, Mário Celso Petraglia, ao jornal Gazeta Esportiva.

Alguém que se diz atleticano, e que não terá meus joelhos eternamente em sua frente agradecendo por construir a nossa linda casa, alguém que diz que a torcida organizada é nociva ao clube, uma doença, um parasita, que diz que a organizada é concorrente do clube, não posso, em meu estado crítico normal, achar que MCP está apenas mal intencionado.

Como pode Petraglia afirmar que a torcida organizada "Os Fanáticos" é extremamente prejudicial e que vendem camisas e produtos com a nosso marca? Mas que marca é essa? Como pode MCP rotular o Atlético desta forma? O Clube Atlético Paranaense não pertence a este homem. Pertence a todos nós, que temos outros ideais além de marcas ou logomarcas.

Portanto, o ato insensato de novamente reajustar o preço dos ingressos, como quem quer de alguma forma nos tirar o gosto do título, o ato de proibir materiais e de, aos poucos querer extinguir a torcida organizada, são apenas atos de um homem que escreveu um dia seu nome na história do nosso clube do coração, mas que para mim, atualmente, já não existe mais.

Nem MCP, nem seus parceiros e muito menos vinte reais irão tirar do Atlético este título de bicampeão. E este título terá dois donos: o time e a maravilhosa torcida do Atlético.


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