Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Desesperança

20/08/2010


Não sei ser hipócrita. Além de não saber, mesmo que eu me esforçasse, não conseguiria ser, de jeito nenhum. Seria a contramão dos meus princípios.

Acreditar, confiar em dias melhores, dar créditos e querer estar sempre com o coração ardendo em paixão e boa vontade, isso sim. Estes sentimentos fazem parte da minha filosofia de vida, mas fingir que o nosso jardim é de flores, quando na verdade está tomado de espinhos, aí não dá. Chega uma hora em que somos obrigados a retirar a venda dos olhos e enxergar a realidade de uma vez por todas.

Sofremos? Sim, sofremos. E como sofremos! Mas se não abrirmos a ferida e não quisermos tocá-la, seremos eternamente escravos da nossa própria ilusão. E iludido, o torcedor atleticano está há muito tempo.

Domingo o Atlético receberá o Flamengo na Baixada. Festa preparada, torcida empolgada e time treinando modificado. Agora alguém percebeu que Maikon Leite precisa ser titular e que Wagner Diniz, se não é a nossa melhor opção na direita, é a única. Não estou aqui nem questionando as invenções de Carpegiani e se é ele quem escala a equipe ou não. Isso é absurdo e tudo no Atlético está acima do futebol.

Os interesses políticos e de negociação estão, definitivamente, acima de tudo. Não fosse assim, Netinho não teria sido titular absoluto em um jogo e no outro nem relacionado. Não fossem os interesses, Gustavo Araújo não teria jogado contra o Palmeiras sabendo a hora do vôo no dia seguinte.

Culpa do Carpegiani? Culpa do Gustavo, do Netinho, do Diniz ou do Branquinho? Ou alguém acha mesmo que a culpa é do Claiton por não ter sido aproveitado desde o seu retorno ao clube?

A notícia da semana foi de que Alex Mineiro estaria afastado do Atlético. Indisciplina? Descaso? Farra? Irresponsabilidade? Falta de comprometimento? Não sei, e a verdade dos fatos jamais saberemos em detalhes, mas há sim um grande culpado por toda essa incoerência criada no clube: a direção do Clube Atlético Paranaense. A mesma direção que nos entupiu de promessas, que contratou Ocimar Bolicenho, que demitiu Antonio Lopes, que sempre busca um laranja para responder pelos péssimos resultados, que lutou para nos enfiar goela abaixo o seu parceiro, Leandro Niehues.

Que venha o Flamengo, que o Atlético vença e que um dia, quem sabe, volte a alegria do nosso futebol, da nossa essência e da nossa tradição. Que os interesses do futebol do Atlético sejam colocados acima de tudo.

Que nos devolvam a esperança, outra vez.

Mas com essa direção, definitivamente, não dá.

E viva o Paulão, zagueirão do Grêmio Prudente. Esse não bebe, não fuma, não falta treino, não visita o DM e não recebe o nosso salário. Só o Paulão para nos livrar da zona de rebaixamento, antes e depois da Copa.

Salve, Paulão!


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