Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Emoções

24/09/2004


Em 2001, senti os ânimos começarem a aflorar de vez quando faltavam cerca de cinco rodadas para o final da primeira fase, e massacramos o Bahia na Baixada assumindo a liderança do Campeonato Brasileiro. Era a "dica" lá de cima: "Presta atenção. É este ano". Desconfiado, como sempre, tentei controlar a empolgação, consciente da dificuldade de se chegar ao título. Deve ser uma reação inconsciente da alma, tentando evitar o sofrimento causado por uma possível decepção. Mas, pouquinho a pouquinho, o otimismo foi crescendo, engolindo a desconfiança, até que nas partidas da fase final eu decidi comigo mesmo que acreditava no título, assumindo o risco de enfrentar uma tristeza enorme em caso de fracasso. Foi a melhor coisa que fiz, pois todo o tempo em que meus nervos permaneceram em estado de efervescência foi recompensado por uma alegria ainda mais intensa, capaz de preencher cada pedaço desta alma rubro-negra.

Diante do presente, com o Atlético cada vez mais dando mostras de que está em busca do título, o processo é o mesmo: tento evitar o otimismo excessivo, mas cada vez mais vislumbro a imagem do bicampeonato, da dupla estrela dourada, das lágrimas de emoção correndo nos rostos rubro-negros, dos abraços apertados entre torcedores cujos únicos laços, às vezes, são a paixão pelo vermelho e preto e a direção inesquivável do olhar: a bola que percorre o gramado da Baixada, conduzida para dentro das redes dentro do pensamento de cada um de nós.

Se o final será feliz novamente, só Deus sabe. Mas viver cada segundo desta expectativa já vale a pena.

"Turistas"

Alguns não entenderam a proposta do colega Juarez Villela, ao criticar os chamados "turistas", torcedores cuja presença na Baixada não é tão frequente, e cujo comportamento impaciente não ajuda o Furacão. Mas a maioria pegou a idéia e concordou com ele: não ir a todos os jogos, até se justifica em alguns casos. Mas quando for, que pelo menos vá para apoiar o Clube, munido da disposição para incentivar, e não daquela impaciência que acaba resultando em vaias, gritos, reclamações que só atrapalham o rendimento dos jogadores. Sem dúvidas, nesta caminho rumo ao - cada vez mais próximo - bicampeonato, qualquer coisa que atrapalhe o time deve ser descartada. E tudo que ajudar, deve ser feito.

Torcida

Se tudo deve ser feito, o primeiro passo deveria ser o entendimento entre torcida e diretoria sobre os instrumentos no estádio. Da forma como está, os dois lados estão perdendo. A torcida sem a bateria para embalar o canto e fazê-lo percorrer o estádio inteiro, e a diretoria, que não resolveu o problema da visibilidade dos camarotes (suposta justificativa para a proibição), já que os integrantes da organizada, com ou sem instrumentos, mudos ou calados, continuam posicionados, em pé, no mesmo setor. Está tudo como antes, menos a vibração do estádio e a energia que isto representa para os jogadores.

Durante cinco anos a energia partiu daquele local, contagiando o estádio inteiro e embalando o Furacão a muitas conquistas, inclusive a que menciono no princípio do texto. Quem nunca se arrepiou quando marcava-se um escanteio para o Atlético cobrar e, há poucos metros da jogada, um exército, comandado pelos generais da organizada e seus tambores, vibrava suas cordas vocais com toda intensidade, gerando um uníssono e potente "A-TLÉ-TI-CO" ecoando pelos ares, acompanhados de movimentos braçais que, em conjunto, pareciam uma onda pronta para engolir o adversário?

Uma súplica: com apenas sete partidas restando a ser disputadas em casa, será que não valeria a pena reinstaurar esta união, esquecendo rixas e rancores, e deixar para voltar a discutir a questão no ano que vem, sob a alegre influência de um bicampeonato? Vinte e um pontos valem muito...

Tiro pela culatra

Escrevi o texto sobre o "Morsa", comentarista do Terceiro Tempo, para tentar frear a polêmica pretendida pelo apresentador Milton Neves. E não é que o apresentador me publica o texto em seu site, sob a manchete "O Paraná está revoltado com Paulo Roberto Morsa Martins"? Não tem jeito. Morsa, o "Pedro de Lara" da crônica esportiva, vai mesmo levar alguns pontos no Ibope com essa palhaçada toda.


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