Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

A Origem

16/08/2010


"Senhor Carpegiani, tenho informações seguras para afirmar que o Sr. precisa dos nossos serviços. Seus inimigos estão invadindo seus sonhos e inserindo idéias maliciosas. Podemos treiná-lo para evitar que isto aconteça", diz Cobb, apresentando ao treinador atleticano um cartão da Cobol Corporation.

A cena acima relatada é um delírio da cabeça deste colunista, que assistiu ao sensacional filme Inception ("A Origem") neste fim de semana e não consegue tirá-lo da cabeça.

Aliás, um tema abordado neste filme é justamente as idéias que não conseguimos afastar da cabeça. Na ficção de Christopher Nolan, é possível invadir o sonho de alguém e plantar uma idéia, sem que o sonhador perceba a armação.

Assumindo esta viagem como realidade, o treinador Carpegiani é uma vítima recorrente de inserções, e não é de hoje. Em 1995, o próprio Atlético contratou a Cobol Corporation para inserir, na cabeça do então treinador coxa-branca, uma idéia revolucionária: escalar o zagueiro Jorjão como centroavante, em pleno Atletiba. O plano rubro-negro funcionou com perfeição: o camisa 3 do coxa virou camisa 9, e quem agradeceu foi Edenílson 'Pateta', atacante do Atlético que marcou o único gol na vitória do Furacão por 1x0.

Hoje, quem sofre é o Atlético. Desde que assumiu, Carpegiani está obstinado pela idéia de uma tal "linha de quatro", supostamente inspirada na Espanha de Vicente del Bosque. Fora isso, a cada rodada o treinador tem uma nova idéia sem sentido (provavelmente inserida a mando dos dirigentes do próximo adversário). Num dia, é para colocar como titular um jogador que nem estava no banco. No outro, é para sequer convocar para a partida jogador que foi titular na última.

Carpegiani não é mau treinador. Mas precisa cair na realidade. Não há quem aguente tanta instabilidade, tantas invenções e tantas mudanças na estrutura tática do time. Fica difícil criticar os jogadores, quando ninguém consegue entender o que o treinador quer, e se o próprio comandante parece mudar seus conceitos de uma partida para a outra.

Hora de providenciar um "kick" para o treinador atleticano.


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