Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

Frigideira rubro-negra

13/08/2010


O esporte é algo complicado. Em um curto período nosso senso crítico muda consideravelmente e por vezes esquecemos que estamos cobrando o máximo de pessoas e não de máquinas.

Peguemos a seleção masculina de vôlei como exemplo. Até 1991 a cobrança sobre ela era algo normal, em alguns anos montamos boas equipes, que lutavam por medalha, mas não pelo ouro. Depois da conquista da medalha de ouro, na olimpíada de Barcelona, nos acostumamos a ver uma seleção vencedora e qualquer resultado diferente da primeira colocação, tem um desfecho abaixo do esperado.

Na fórmula 1 acordávamos para acompanhar as vitórias de Ayrton Senna e depois da sua morte, acabamos não valorizando os poucos resultados positivos conquistados nas pistas do mundo. Por hora nossos pilotos eram lentos, em outros momentos submissos a ordens vindas de cima (normal no ambiente corporativo).

No Atlético a coisa caminha do mesmo jeito. De 1997 a 2005 nos acostumamos a vencer, o que é ótimo, mas ao mesmo tempo nos tornamos extremamente críticos, para não dizer chatos.

Além de cobrarmos resultados, cobramos também a mão de obra, que em muitos casos realmente é precária, mas em outros acabam queimadas pelo excesso de críticas disparadas após apenas um jogo.

Já vimos no rubro-negro muitos jogadores com qualidade para lá de questionável e deixamos de ver atletas que se não são craques, poderiam servir para fortalecer os combalidos times dos últimos anos.

Temos que ter a consciência que quanto maior a cobrança, maior a chance dela não funcionar, o que não significa que ela não deva existir, porém deve ser feita com mais cautela. Não quero dos torcedores total passividade, mas apenas um pouco de calma e prudência nas críticas, que podem ser feitas de várias formas.

O jogo contra o São Paulo, colocou o atacante argentino Federico Nieto como vilão. Criticas e uma série de comparações com outros atletas, com passagem pouco convincente no furacão, já deixam quem não viu o jogo ressabiado e pronto para no próximo erro dele, mandá-lo novamente para seu país natal.

Eu, assim como muitos torcedores, também esperava mais do atacante portenho, mas temos que considerar que as condições em que ele foi para o jogo não eram as melhores: longe do seu melhor preparo físico, poucos treinos para entrosar com os companheiros e estreando em um campeonato com um estilo de jogo diferente do que ele está acostumado.

No atual momento, qualquer atleta, por melhor que seja, pode ser tostado no time atleticano, o que lamentavelmente nos levará a continuar com o ciclo atual do entra e sai de atletas, com poucos criando identificação com o clube. Imagina se numa dessas perdemos o próximo Pelé?


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