Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Desafios

11/08/2010


Lamento informar aos amigos atleticanos, mas o Atlético não será campeão brasileiro em 2010 e tem grandes chances de inclusive sequer pegar uma Libertadores no próximo ano. É difícil, mas é algo que acontecerá com uma grande probabilidade.

Não creio que passaremos o sufoco dos últimos anos, em especial no biênio 2008/2009 quando escapamos por uma série de fatores da Série B, como contratações a rodo no desespero a custa de altos salários geralmente acima do que mereciam os atletas, o pagamento dos bichos molhados no vestiário ou a redução no preço do ingresso e clemência pelo apoio do torcedor atleticano, aquele que efetivamente e não somente em frases de efeito nunca abandona o clube do coração.

Fiz questão de fazer este lembrete por sentir nas conversas pós jogo diante do São Paulo uma certa frustração do rubro-negro por não termos vencido os cervídeos saltitantes. Concordo que o São Paulo estava ainda um pouco abalado e até mesmo cansado, não é uma máquina como anos atrás e merecíamos ter ganho, não fosse um erro individual (de novo) que resultou em gol adversário e especialmente uma atuação de gala do veterano mas ainda muito bom Rogério Ceni. Mas nada para desanimar.

Temos jogado melhor ou pelo menos em igualdade de condições com equipes que são visivelmente mais fortes como o Cruzeiro, Santos, Fluminense e o São Paulo, todos figurantes da metade superior da tabela. Temos uma cara, temos um time obediente, temos um treinador de verdade e vemos o crescimento de alguns jogadores que se compararmos com o time que terminou o estadual, nos dão a certeza de que seríamos bi campeões.

Diniz pode não ser grande coisa e Paulinho por vezes peca pela falta de ambição ofensiva, mas cumprem melhor seus papéis que o preguiçoso menino Raul e Márcio Azevedo que corre, corre, faz um salseiro danado mas não acertava sequer um cruzamento, fazia todos de cabeça abaixada e levava uma enormidade de bolas em suas costas prejudicando a defesa.

Se Vitor e Chico não são nenhum Pirlo e Xavi, se não tem a qualidade de um Schweinsteiger são ao menos mais efetivos e dispostos que Alan Bahia e tem qualidade no passe superior ao esforçado Valencia. Bruno Mineiro foi artilheito do estadual mesmo tendo ficado de fora de boa parte da campanha, vítima da conivência da arbitragem com a violência alheia e Paulo Baier exibe melhor forma hoje do que durante o primeiro semestre. Idem para Alex Mineiro. Sem contar que temos hoje jogadores que ainda não brilharam, mas possuem sabida qualidade como Branquinho e Guerron. Melhores que Serna e Patrick por exemplo.

Infelizmente o ano no Atlético mais uma vez começou muito atrasado e por isso os testes, experiências, improvisos e percepções do treinador estão tendo que ser feitos a esta altura dos acontecimentos, com cerca de 1/3 do difícil Brasileirão da Primeira Divisão em curso e com o risco da zona da degola por perto. Paciência, é o preço da falta de visão, planejamento e foco em futebol que vemos no clube desde 2006.

Mas não podemos esmorecer após um resultado que se por um lado é meio frustrante, por outro mostrou estarmos no caminho certo. Temos muitos desafios pela frente e o Atlético desde semestre se mostra um time combativo, que virou partidas (Botafogo), que venceu fora (Goiás) e foi capaz de dominar equipes claramente mais técnicas como Santos e São Paulo.

Tivéssemos os pontos que a arbitragem nos tirou diante de Corinthians, Vitória, Cruzeiro e quem sabe do Vasco, poderíamos ter pelo menos mais quatro, à beira do grupo da Libertadores, longe da degola e com todos muito mais tranquilos e menos exigentes como vi domingo nas críticas excessivamente ácidas com Netinho, Paulinho e o gringo Nieto.

Por outro lado o competente Carpegiani precisa definir o time base e fazer dele o seu Atlético, dando confiança aos titulares e a certeza de continuarmos no caminho certo. A fase de testes já pode cessar.

ARREMATE

“Você diz que sou quadrado/
quadrado, quadrado/
Porque só penso em namorar.”
- Ela diz que estou por fora – WILSON SIMONAL


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