Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Furacão x Peixe

21/07/2010


Tá aí um dos jogos que mais aguardo durante o ano, independente das condições de cada lado, do campeonato que está sendo disputado, da importância dos 03 pontos, tenho sempre a impressão de que estamos encarando uma verdadeira decisão!

É claro que existem outras partidas tão esperadas quanto essa, contra equipes de muita tradição, em campeonatos emocionantes, contextos diferenciados, mas sempre surgem as preferências, como exemplo: confrontos diante das equipes do Rio Grande do Sul, vencer os bambis na Baixada é “de lei”, Atletibas nem se fala, ou qualquer duelo internacional em torneios internacionais. Não tem como não dizer que o friozinho na barriga é diferente nessas ocasiões.

No entanto, continuo achando que o embate entre Atlético x Santos, desde 2001 tem um sabor especial, pois ao contrário do que acontece num Atletiba ou quando enfrentamos os bambis, percebo que a rivalidade que permeia esse jogo restringe-se ao gramado e à tabela de classificação.

E essa concorrência sadia é fruto do nosso passado quase-recente, onde Atlético e Santos iniciaram um duelo acirrado pelos lugares mais altos da tabela! Infelizmente, nos últimos anos a “briga” se tornou irregular e vem se concentrando nas regiões menos interessantes da tabela, o que não conseguiu tirar o brilho deste confronto...

Como deixar de mencionar a disputa ponto a ponto pelo título nacional de 2004? Dispúnhamos de uma equipe equilibradíssima, letal nos contra-ataques, altamente competitiva, protagonista de momentos ímpares e, mesmo com tudo isso, inexplicavelmente, não levamos a melhor e até hoje buscamos justificativas para termos perdido um campeonato praticamente vencido.

Mesmo não conquistando a Taça, mesmo tendo deixado escapar o Bi, foi um ano inesquecível! E o gosto amargo do vice-campeonato, foi convertido em êxtase diante da conquista de uma vaga na Libertadores para o ano seguinte e, que possibilitou a virada de mesa diante do Peixe.

Quando penso naquela Libertadores, faltam suspiros pra demonstrar tanta saudade, afinal foi naquele torneio que vivenciei um dos melhores jogos da história atleticana. E contra quem?

Furacão x Peixe, 01/06/2005, mais de 22 mil atleticanos acompanharam um dos maiores exemplos de superação já vistos entre as quatro linhas. Se torcida não ganha jogo sozinha, lhes garanto que uma torcida ensandecida, aliada a um time brioso, não tem pra ninguém!

Foi de virada, foi com um a menos (desde a metade do 1º tempo), foi diante do queridinho da imprensa, foi contra um time com jogadores de maior qualidade técnica, mas naquela data nem se o Barcelona pousasse no gramado a gente perderia o jogo.

E até hoje, fechando os olhos, voltando àquela jornada histórica, consigo ouvir o canto apaixonado de mais de 20 mil vozes, incendiando o Caldeirão.

Isso sem falar que antes do confronto, nem o mais positivo atleticano imaginou que nos classificaríamos com tanto requinte! Afinal de contas, o elenco de 2004 havia sido dissipado e ingressamos na Libertadores com um time mediano e, mesmo assim, conquistamos o impossível!

Furacão x Peixe, 21/07/2010, o momento é outro, o torcedor atleticano tem vivido um verdadeiro calvário e coleciona incontáveis decepções; já o Santos, apesar de uma crescente instabilidade, é um dos times mais badalados da atualidade, recheado de novos craques e vem encantando a sua torcida. E agora?

Pois bem, em nome dos áureos tempos e da paixão incondicional rubro-negra seguiremos de cabeça erguida ao jogo de hoje, na tentativa de mais uma vez lutar contra o impossível.

Talvez, não tenhamos vivido outro episódio como aquele de 2005, de tamanha superação, mas é chegada a hora de invocar a mística da Baixada, a mística da camisa vermelha e preta, a garra que já foi sua marca registrada e o fanatismo incontrolável de cada torcedor atleticano.

E em respeito a todos os guerreiros que já vestiram o manto sagrado com bravura, eu só peço aos nossos jogadores que entrem em campo transpirando raça, que sejam valentes e que busquem a vitória a todo custo.

Afinal de contas, como prevê a máxima sulista: não está morto quem peleia!



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