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Silvio Rauth Filho
Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.
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O Coritiba é coisa do passado
10/09/2004
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Uma pesquisa on-line da Furacao.com, concluída em 29 de agosto, trouxe um resultado decepcionante (clique aqui para ver). Dos 3100 votantes, a grande maioria (52% ou 1623 pessoas) confessou que o grande barato da vitória sobre o Coritiba foi ver a tristeza dos torcedores rivais. Em segundo lugar, com 29%, ficou outra opção bairrista e provinciana, aquela que afirmava que o legal do 2 a 1 no clássico foi confirmar o Furacão como melhor do Estado.
Entendo o comportamento desse pessoal, mas jamais vou concordar com ele. Pensar que estar à frente do Coxa é o principal objetivo do Atlético denota uma total falta de ambição. Esta atitude fazia sentido até 1995, quando éramos um clube pouco organizado, que sofria para ficar na primeira divisão e, na maioria das vezes, tinha elencos inferiores ao do rival. Lembro dessa época, quando era divertido ver o Carlinhos Sabiá ou o Dirceu Carrasco derrotarem com muita raça (e talvez um pouco de sorte) aqueles temidos esquadrões alviverdes, com Tostão, Chicão, Serginho, Osvaldo, Ronaldo, Pachequinho e outros. Mas isso é coisa do passado.
Desde 1996, uma nova mentalidade foi implantada no clube: transformar o Atlético no maior clube do Brasil. Vários passos já foram dados, como a construção da Arena, a aquisição do CT, a conquista do primeiro título Brasileiro e as duas participações na Libertadores. Tudo isso foi feito sem depender e sem se espelhar no Coritiba. Nossos planos foram traçados trazendo idéias de clubes de primeira linha da Europa e do Brasil, mas jamais do modesto alviverde de Curitiba, que é peça de museu.
Se nossa referência for o Coritiba, o que faremos quando eles caírem para a segunda divisão? Nossa meta, então, será ficar ali por 18º ou 19º da Série A? Ou se o Coxa fechar as portas? O que esses 52% farão? Torcer contra o Paraná Clube, que é uma piada futebolística sem graça?
Acho que é momento desses torcedores refletirem se realmente o que importa para eles é o sucesso do Atlético ou o fracasso do rival. É trágico construir uma relação de amor baseada no ódio. Joan Luden já disse: “A raiva é um ladrão que rouba os bons momentos”. É exatamente isso que pensei quando vi que apenas 9,7% dos atleticanos parecem estar saboreando a deliciosa vice-liderança.
Sei que essa rivalidade tem 80 anos e é importante para a história do clube. Mas não pode consumir nossos sonhos e projetos. Essa disputa local deve ser tratada de forma sadia, sem stress. Também tenho consciência que, ao escrever essa coluna, muitos malas vão me acusar de não ser atleticano. Na mente desses bocós, a condição primordial é odiar o Coxa.
É burrice. Simplesmente, não dou a mínima para o rival. Prefiro dedicar apenas ao Atlético todo meu tempo, todas minhas energias e toda minha paixão. Sou assim desde 1983, quando tinha nove anos e vi nosso Furacão detonar o Flamengo. Passei por todos os momentos difíceis e derrotas frustrantes para nossos vizinhos, mas nunca me entreguei à raiva descontrolada. Sempre preferi apostar no sucesso do meu clube.
Para concluir, deixo ainda a colaboração de dois pensadores.
“Seu inimigo o fará sofrer; mas o maior mal será causado pela raiva e o ódio que existirem no seu coração”, Dhammapada.
“A raiva é danosa para todo mundo, porém ela é mais danosa ainda para o homem que a sente”, Sócrates.
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