Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Rumo ao Hexa

05/07/2010


Em tempos de pausa no futebol do Atlético e de Copa do Mundo chegando à fase decisiva, peço licença para dar meus pitacos sobre a eliminação do Brasil comandado por Dunga.

Quando do fracasso na Copa de 2006, ao que se escancarou a bagunça da fase preparatória, com o acesso exagerado de jornalistas à concentração, faltou a nós brasileiros sabermos dar a verdadeira dimensão a este erro: qual seja, a de um simples erro, que merecia ser corrigido.

Ao apontar-se a acessibilidade ampla como causa primária da eliminação, criou-se a necessidade de uma mudança brusca, como se a radicalização para o outro lado fosse a medida certa; e, pior, como se fosse suficiente para uma campanha vitoriosa.

A comissão comandada por Dunga teve méritos em reforçar a necessidade de comprometimento com a Seleção, o que visivelmente faltou no grupo de 2006. Mas não poderia tê-lo feito ao preço de abdicar de outros jogadores de qualidade - como o tão clamado Paulo Henrique Ganso, nome que seria perfeito para tentar reverter o placar adverso construído pela Holanda.

Além do mais, Dunga errou a mão ao apregoar um espírito guerreiro extremista, como se fosse necessário ter inimigos e atacá-los em toda e qualquer oportunidade. Isto gerou uma falta de equilíbrio que contaminou os jogadores, nitidamente descontrolados diante do placar adverso nas quartas-de-final.

No plano tático, os bons resultados que precederam a Copa esconderam um risco perigoso, residente no fato de que o time brasileiro abdicou de suas características fundamentais para apostar em jogadas de contra-ataque, priorizando a competitividade em detrimento do talento - qualidade que nos deu cinco títulos mundiais.

Ao investir todas as fichas no pragmatismo, Dunga fez do Brasil um time muito forte, mas comum, daqueles que quando as coisas não saem como esperado, não sabem o caminho para buscar a virada. Sem variações táticas e viciada em jogadas de contra-ataque em velocidade, a equipe brasileira viu-se impossibilitada de construir os espaços de que precisava no campo da fechada seleção holandesa.

Deste ponto de vista, perder a Copa de 2010 não foi de todo ruim, já que vencê-la com este espírito de pragmatismo representaria uma ameaça à confiança no talento brasileiro, já maltratada pela derrota em 1982. Por outro lado, o vexame argentino revela que talento sem organização também não é uma boa escolha.

Da minha parte, o que espero do próximo treinador da Seleção é a busca por este equilíbrio. Alguém que saiba construir um time disciplinado taticamente, mas sem deixar de priorizar o talento ofensivo do jogador brasileiro.

Vuvuzelas

Se, com muita boa vontade, temos tolerado as vuvuzelas por fazerem parte da 'cultura' (embora eu ache questionável que uma forma de torcer fazendo barulho seja cultura) sul-africana, não há motivos para aceitarmos este barulho maldito nos estádios brasileiros. Sabendo que alguns gênios pretenderão levar os brinquedinhos da moda às praças desportivas do Brasil, lanço já uma campanha para que sejam expressamente banidas do nosso estádio, com pesadas multas para quem sequer tentar entrar na Baixada portando uma delas.


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