Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Ainda existe amor?

22/06/2010


Observando um dos jogos da Copa na semana passada, percebi os jogadores abraçados, ombro a ombro, cantando o hino nacional de seu país. Não, não eram os brasileiros.

Afinal, no Brasil, ainda existe amor? Ainda existe sentimento quando falamos de futebol?

Talvez. Talvez ainda reste alguma ponta de sentimento para nós, torcedores. Para os outros, aqueles que brigam apenas por interesses pessoais e arquitetam seus planos psicopatas, há um vazio. Um vazio que a eles pouco importa. Eles não estão nem aí. Preocupam-se apenas em saber se há sócios ativos suficientes e se o público alvo ainda está ali, vivo, mesmo que triste.

O que Marcos Malucelli falou em sua última entrevista, nada mais é que uma afronta ao torcedor atleticano. “No retorno do campeonato brasileiro, as coisas serão diferentes e vamos lutar para ficar entre os 12”. Isso mesmo, entre os doze. Dobro de meia dúzia. Uma dúzia. Dez mais dois. Isso aí.

Desliguei o rádio, relembrei os discursos sobre os “nomes consagrados”, etc, etc, etc. A indignação, que dura de quatro a cinco minutos no máximo, depois vira tristeza, vira chateação, vira um vazio. Vazio que tomou conta do futebol, que tomou conta das arquibancadas e que tomou conta do coração do torcedor. Pra combinar com o futebol, talvez este próprio texto deveria estar vazio.

O futebol sofreu, com o passar do tempo, uma transformação muito forte. A tal da Lei Pelé chegou pra complicar um pouco mais e hoje os cifrões, as estratégias milionárias e os esquemas montados tomam conta de um mundo que era tão bonito, mas que aos poucos foi se transformando em negócios. Apenas negócios. Nada mais do que negócios.

A carta que Valencia deixou ao torcedor atleticano é uma das raras histórias de respeito, de hombridade e de dignidade. O agradecimento, o reconhecimento e a humildade deixaram claro que Valencia, mesmo não sendo um excelente jogador nos últimos tempos, como foi no início de sua trajetória no clube, é um exemplo de atleta. Enquanto vestiu a camisa do Atlético, jamais deixou de lutar e suar em prol do time em campo.

Ao Valencia, meus respeitos, meu muito obrigado e meu desejo de muito sucesso.

Aos nossos diretores, aos psicopatas de plantão, aos estrategistas do mal, aos empresários oportunistas que destruíram o esporte mais bonito do mundo, aos diretores “fantasmas” de futebol, aos arrogantes e aos mentirosos, minha profunda decepção, frustração, indiferença e indignação.

Ao futebol, minha esperança de que um dia ele me faça feliz, outra vez.


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