Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Mercenários de luxo

18/06/2010


Meu pai e minha mãe ainda nem se conheciam, mas tenho saudades do tempo em que a camisa rubro-negra só se vestia por amor. Quando o hino foi escrito, era uma regra: valia para torcedores e jogadores.

Hoje em dia, a Lei Pelé - e o sermão de um suposto profissionalismo que ela prega - transformou atletas em ferramentas esportivas, máquinas defeituosas de chutar bolas. Pior que isso: transformou atletas em mercenários de luxo, movidos apenas pelo interesse pessoal e material.

Trabalhadores sexuais

No Brasil, há mais de 1,5 milhão de trabalhadores sexuais: menininhas e mulherões, machinhos e machões, travestis e outros especialistas em transformações.

Se existem trabalhadores, é porque existem clientes. Basicamente, trata-se da comercialização dos prazeres profanos. Afinal, cada um vende o que quer. Cada um vende o que tem, até o que não tem.

São serviços prestados de toda sorte e qualidade, para todos os gostos e bolsos. Normalmente, cada um sabe o potencial que tem, que tipo de público pode satisfazer.

Em um aspecto todos concordam: o melhor negócio é diversificar a freguesia. Caso contrário, as relações ficam estáveis e vai para o lixo todo o sentido da coisa, junto com a camisinha.

Dizem que é a profissão mais antiga da História. Vejam só: antes mesmo das lavadeiras e dos ferreiros, já existiam as putas e os putos.

É um leilão do próprio corpo, por uma noite apenas. Depois, acordam, lavam a cara e zeram o odômetro. Quem dá mais? Por maior que seja a fortuna dada em troca, no fim das contas, eles é quem dão mais.

A grande maioria alega ser o único meio que encontraram para sobreviver. Há quem assuma ser o mais fácil. Há quem considere difícil. Há também os que, declaradamente, unem o útil ao agradável.

Eles estão por toda parte. É só procurar na Internet, nos bares e nas esquinas.

Apesar de um ou outro mais inteligente e experimentado, tipo o Paulo Baier, é um trabalho ligado à mocidade. Quanto mais nova a carne, mais valorizada. Têm que aproveitar enquanto são jovens.

Por motivos que prefiro não comentar - mas que todos sabem quais são - a prostituição não é considerada ilegal. Entretanto, qualquer tentativa de fomento à prostituição, ou a contratação de indivíduos para atuarem como prostitutos, é punível com prisão.

Em outras palavras, eles não poderiam ter cafetões. Se precisam ser tratados como mercadorias, se não têm outra alternativa além de se vender, tudo bem, paciência. Ao menos, não deveriam ter empresários, agentes ou procuradores.


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