Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Vuvuzeladas

16/06/2010


Época de Copa do Mundo e (ainda bem) nosso Atlético nos treinos parando de judiar da Jabulani. De nada adianta porém o elenco se reapresentar sem nenhum reforço. Trazer um reserva do Cerro e um sujeito que estava num time quase rebaixado no Paulista e que nunca se firmou no Santos é contratação, nunca reforço.

Me impressiona a capacidade da direção atleticana em acreditar em milagres, crendo por certo que este mesmo time que nos envergonha desde o começo do ano vai aprender a jogar bola. O que mais falta acontecer para perceberem que necessitam ir em busca de reforços?

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Graças ao Atlético o meu desinteresse pelo futebol cresce a cada ano. Ontem me sentia deslocado tendo que sair do trabalho e, não querendo nenhum tipo de tumulto, indo sozinho para casa. Tv ao fundo ligada para ouvir a partida e livros abertos sobre a escrivaninha. Nenhuma emoção, nenhuma comemoração, aparentemente nenhum sentimento.

A maneira fria como o Atlético tem nos tratado nos últimos tempos tem me moldado assim distante de algo que tanto amo. Ou amava.
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Sábado a noite vi um dos vários documentários exibidos pela tv Cultura sobre futebol. Um em especial me prendeu a atenção, falava sobre Zico, o maior camisa 10 do Brasil após Pelé.

Ídolo dentro e fora de campo, Zico plantou a semente que hoje gera vários frutos e fez nascer e crescer o futebol no Japão. Em reconhecimento, há uma estátua de bronze em tamanho natural em Kashima, onde ele é reverenciado tanto quanto o Imperador ou Buda. Independente do tempo, Zico é ovacionado pela nação flamenguista que expõe imagens suas em faixas e bandeiras. Aqui mesmo em Curitiba é homenageado pois tenho um amigo cujo filho mais velho se chama Arthur em homenagem ao Galinho de Quintino.

Ao final do documentário Armando Nogueira falava que os atletas ao vestirem a camisa do nosso clube se tornam nossos jogadores, jogando muito se tornam ídolos, mas poucos passam a mitos. Zico é um mito.

Pensei nisso e me lembrei da maior lenda viva atleticana: Alex Mineiro. O que ele fez nas finais de 2001 parece obra de ficção. Por vezes e gente lê com certa desconfiança sobre o Atletiba da gripe , ou chega a duvidar de causos como o Resgate de Tapyr ou mesmo acha exagerado o relato do que fez Ziquita em 78, ao empatar com quatro gols de sua autoria uma partida em somente 15 minutos.

Mas o que Alex Mineiro fez eu vi, foi real, está fotografado, noticiado, guardado não só em revistas, recortes de jornal, nos ingressos que guardo até hoje como especialmente na minha retina. O que Alex Mineiro fez parece mentira, mas foi a mais pura verdade.

Alex deveria se revestir desta importância e saber que para mais de uma geração de atleticanos ele é ídolo, foi e sempre será. Mas não pode colocar em risco tudo isso ao não se mostrar apto física e tecnicamente para nos representar em campo. Alex Mineiro não precisa ser como Zico, altruísta, solidário e sempre solícito em participar de campanhas em prol de instituições ou causas nobres, seria excelente, mas isso é de foro íntimo de cada um. Mas Alex Mineiro não tem como fugir da mitológica figura que se revestiu ao fazer 8 dos 9 gols mais importantes, ao menos até hoje, da história atleticana.

Mesmo que ele não queira, ele tem esse compromisso com a nação atleticana. É intrínseco, é algo que foge ao seu controle, é um compromisso que ele assinou ao formalizar com a perna direita num chute seco após rebote de chute do ala Fabiano no ABC paulista naquela antevéspera de Natal em 2001.

Alex Mineiro precisa mostrar porquê se tornou ídolo, fazer sua parte dentro de campo, se cuidar um pouco mais fora dele e se eternizar também no coração daqueles que infelizmente não puderam contemplar ao vivo as cenas mitológicas que ele protagonizou.

Eu confio no Alex Mineiro.

ARREMATE

“Brasil, esquentai vossos pandeiros/
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar”
. Brasil pandeiro – NOVOS BAIANOS


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