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Ana Flávia Weidman
Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!
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Chuteiras vs. tijolos
15/06/2010
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A melhor (e mais digna) maneira de um clube de futebol demonstrar respeito para com o seu torcedor é formar bons times e disputar títulos. No entanto, eu vejo em outras iniciativas bem mais simples e singelas formas de valorizar a sua torcida, principalmente no caso do nosso Atlético com seus mais de 20 mil sócios. Sendo assim, gostaria de compartilhar uma bela experiência que tive com uma dessas simples iniciativas do Furacão.
Era maio de 2008 quando eu recebi um telefonema dizendo que eu tinha sido sorteada entre os sócios aniversariantes do mês de abril para uma visita ao Centro de Treinamentos do Furacão! Para mim, que só ouvia falar das maravilhas do nosso CT, seria a grande oportunidade de ver “ao vivo e em cores” toda a sua estrutura.
A visita aconteceu num sábado pela manhã. O ponto de encontro era a Baixada onde fomos recepcionados por 3 funcionários do clube que, muito simpáticos, foram se apresentando e se integrando aos torcedores. Éramos em aproximadamente 15 atleticanos!
Para nossa surpresa, primeiro conhecemos as dependências da Arena da Baixada. Mesmo para quem acompanha o Atlético em todos os jogos, a visita ao estádio é sensacional! Visitamos as arquibancadas, a área VIP, os vestiários que contam com um espaço sensacional para o aquecimento dos jogadores, a sala de imprensa e finalizamos com uma foto na entrada de campo.
Depois, fomos levados de ônibus, com todo o conforto necessário, até o CT do Caju e ao cruzarmos os portões os meus olhos já começaram a brilhar! Que ESPETÁCULO! Os funcionários-anfitriões foram nos explicando tudo aos poucos, sem pressa, no ritmo da galera, servindo gentilmente de nossos fotógrafos, com paciência para responder todas as nossas perguntas (até as mais polêmicas). Vimos todos os campos de treinamento, os quais têm as dimensões de diversos estádios do país. Assim, dependendo do adversário, o time treina em um ou outro campo. Vimos o antigo estádio, o local de treino para os goleiros, os campos de areia, o espaço para treinamentos de propriocepção, a quadra de tênis e o lago.
Ao entrarmos na parte interna do CT ainda mais surpresas! Ao fundo do saguão principal uma galeria de troféus! Pude ver de pertinho a taça do campeonato brasileiro de 2001! Entramos na sala de TV e de computadores, no auditório, andamos pelos quartos (com padrão hoteleiro de luxo) dos jogadores da base e dos profissionais, bem como da comissão técnica. Passamos também pela sala de jogos, local para estudos e pela biblioteca. Dando prosseguimento a caminhada, conhecemos a estrutura do Departamento Médico e todos os seus impressionantes aparelhos, a piscina aquecida, a academia muito bem equipada, os vestiários limpos e amplos e a área administrativa. Finalizamos o passeio no restaurante do CT onde fomos agraciados com um saboroso almoço juntamente com os jogadores do elenco! Como eles estavam concentrados para o jogo do dia seguinte, pediram que nós, torcedores, não os incomodássemos, pois ao final teríamos a oportunidade de conversar com 2 deles. Nós, educadamente, atendemos ao pedido e almoçamos empolgados, mas sem perturbar nenhum jogador.
Após o almoço ganhamos um bolo de aniversário e fomos brindados com as presenças ilustres de Alan Bahia e Pedro Oldoni (prova de que nem tudo no CT é perfeito!). Bom, eu que não sou boba nem nada, tratei de tirar uma foto com o Pedro Oldoni, afinal, como centroavante ele era um ótimo modelo!
Bom, para mim, o local mais simbólico da visita foi talvez o mais simples. Nem lembro se ele tem um nome específico. Vou tentar descrever. Imagine que você amigo leitor é jogador profissional ou da base do Clube Atlético Paranaense. Quando você acaba o seu treinamento a sua chuteira colorida está toda suja, cheia de terra e grama. É proibido andar com elas nas dependências internas do CT. Você então calça o seu chinelo e leva a sua chuteira colorida para um local onde ela é limpa. Sim torcedor! Existe um funcionário designado especificamente para limpar as suas chuteiras coloridas. Você entrega a sua chuteirinha lilás toda suja e um funcionário do clube a deixa impecável, limpinha, como se fosse nova! Este funcionário coloca a sua chuteira colorida numa embalagem plástica e a devolve no seu quarto.
Depois de ouvir atentamente a explicação a respeito do funcionamento do “setor”, fiquei pensando que, de fato, a já batida frase de que o atleta rubro-negro “só precisa se preocupar em jogar bola” descreve de forma irrepreensível a estrutura oferecida pelo Furacão.
Eu não tenho notícias de que essa iniciativa de premiar alguns (sortudos) sócios aniversariantes ainda persista atualmente. Se o clube tem mantido essa ação, parabéns. Se não, que pena. Esse foi um dia marcante na minha vida como atleticana e tenho certeza de que foi marcante também na vida dos outros atleticanos que estavam comigo.
Relatei esse episódio para dizer que entendo ser dever do clube proporcionar esse tipo de experiência ao seu torcedor. Percebo que a insatisfação com o desempenho do time nos últimos anos tem criado a falsa impressão de que os atleticanos não valorizam o patrimônio (estrutura) do clube. A principal promessa da atual diretoria, dizendo que investiria em chuteiras, pois o investimento em tijolos já tinha sido feito, instituiu uma idéia de que o time só não alcançava bons resultados porque todos os investimentos eram destinados aos tijolos. Isso não é verdade. Ao menos na minha humilde opinião. Foi durante a nossa “estruturação” que obtivemos os títulos mais importantes da nossa história. O investimento em tijolos não pode ser desculpa para a falta de investimento em chuteiras. Acontece que atualmente não temos mais desculpas. O patrimônio é sólido, a estrutura está montada, mas continuamos contratando jogadores que deveriam lavar as próprias chuteiras.
O que deixa o torcedor extremamente irritado é o discurso pronto após uma crítica ao time. Criticou, lá vem nossos dirigentes com a mesma ladainha de sempre, falando do que éramos antes de 1995 e todo aquele blá blá blá que já sabemos de cor e salteado. O atleticano conhece bem o seu passado e se orgulha do que é hoje. Só que agora, nós, rubro-negros, queremos é olhar para o futuro! Os tijolos estão aí, que venham as chuteiras!
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