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Jean Claude Lima
Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".
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Na última reunião do Conselho do Atlético, houve o que podemos chamar de fenômeno. Fenômeno, pois é algo bastante raro de ocorrer, ainda mais pelo momento que estamos atravessando. Cento e quatorze atleticanos votaram exatamente da mesma forma, rejeitando de forma indireta, realizar a Copa do Mundo na Baixada, nas condições apresentadas pela Prefeitura Municipal. Essa unanimidade é difícil de ser conquistada em qualquer campo de atividade, seja na própria política, no ambiente profissional e até mesmo dentro de nossas casas em situações cotidianas que vivemos com nossos próprios familiares. Ela carrega o peso da legitimidade, foi tomada pelos dois Conselhos do Clube, Deliberativo e Administrativo de forma conjunta, embora a Nota Oficial tenha se preocupado em dizer que isso nem era necessário.
E foi o suficiente para colocar os inimigos do Atlético em polvorosa. Afinal, já que o Atlético não consegue, “podem deixar que nós consigamos”, raciocinam os mais afoitos. Aí nessa situação vale o princípio da isonomia. Se não houve a possibilidade de melhorar as condições para que a Copa seja na Arena, o que custaria ou custará mais barato do que em qualquer outro lugar em nossa cidade, que não se melhorem as condições para realizar o evento em qualquer outro lugar, sob qualquer explicação. Nenhuma delas vai parecer razoável ou admissível, pois com todas as condições dadas na Arena, em qualquer outro lugar a tais condições serão menos atrativas em muito mais caras.
Os 114 que lá estiveram, raciocinou amparados na frieza dos números, rasgada de forma impiedosa diante dos seus olhos, através de consultores bem preparados, que mostraram a dura realidade do Atlético, que ao se deparar com o espelho se percebe pequeno, incapaz de em vinte anos saldar compromissos que tornariam seu estádio ainda mais moderno e vanguardista.
Volto ao passado e penso em Mário Celso Petraglia, olhando para o depauperado Atlético que ele assumiu, seguramente em condições menos favoráveis que as atuais, sem nenhuma história de Copa do Mundo passando diante da sua porta. Ainda bem que ele e seu grupo não pediram a ajuda de nenhuma consultoria, pois qualquer criatura de bom senso, ia dizer que ele deveria ficar nos seus negócios privados e fazer alguma outra coisa menos arriscada. Ou alguém tem dúvida de que aplicar grana no futebol é arriscado? O fato é que Petraglia topou o risco e nos levou a um estágio que agora, paradoxalmente, nos inibe de correr qualquer tipo de risco. Somos “racionais” e “comedidos” e até mesmo “conservadores” e não fazemos loucuras. Não trazemos grande jogadores pois não podemos pagar os salários deles.
Enfim, vou perseguir nos meus negócios tentar construir esse tipo de consenso dos 114. Como ele é raro, não tenho lá muita esperança de obter sucesso. Na real eu prefiro debates acalorados e opiniões divergentes. Como não estive na reunião, só me resta confiar que os atleticanos que lá estiveram, tomaram a decisão certa. E isso só o tempo dirá.
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