Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Atlético, o resgate

26/05/2010


O Atlético é dos atleticanos.

Essa proposta sempre me pareceu verdadeira, mas a verdade aos poucos foi se despedaçando e o Atlético, pouco a pouco, esvaziando suas expectativas dentro de campo. A proposta amigável sugerida pela nova diretoria, deu certo, e muito certo, até certo ponto. Atleticanos foram envolvidos, absorvidos e convencidos de que, realmente, a união seria o ponto forte do clube.

Promessas, jantar de confraternização, discursos bonitos, hino do Atlético ao mais alto som. Sonhos estavam ali, nascendo com a maravilhosa proposta da nova direção do clube. Alianças prontamente estabelecidas, proximidade e abertura à torcida organizada, esta que por sinal, só agora solta o grito de cobrança e de revolta.

Perfeito, de fato tudo parecia tão perfeito, a ponto do torcedor nem desconfiar de tamanha bondade. Estava nascendo um Atlético ainda mais forte, que daria ao seu torcedor, enfim, tempos em que conquistas seriam os grandes ideais do clube. Finalmente, um presidente que declarou, em alto e bom tom, que seria necessária a realização de investimento em chuteiras. Isso mesmo, “investimento”.

Aos poucos, o castelo de areia foi desmoronando.

O torcedor custava a acreditar que o campeonato paranaense estava indo por água abaixo, e a primeira promessa de título estava destruída. Sem problemas, afinal ainda nos restava a Copa do Brasil, torneio muito mais importante e relevante do que o pífio regional. Mas o investimento em chuteiras, além de não ser cumprido, lá atrás, já teria entrado em contradição. As saídas de Nei, Wesley e Marcinho já deveriam ter aberto os olhos da torcida e mostrado que na verdade, ao contrário do discurso persuasivo e sonhador, o plano mesmo era redução de custos, apostando que a troca da folha de pagamento de Marcinho por Kaio, daria certo.

Assim, exatamente assim, nasceu Leandro Niehues no comando do Atlético. Uma aposta barata, sem experiência de clubes grandes, mas que viria com um discurso comprado, pronto, feito. O tal “parceiro da diretoria”. Aquele que não cobraria reforços e trabalharia com a “base boa”, ao contrário do reclamão e exigente Antonio Lopes, o qual foi injustamente dispensado com a justificativa de não ter trazido resultados dentro de campo.

O Atlético era dos atleticanos, mas quem assumiu a nossa direção de futebol foi Ocimar Bolicenho, um paranista declarado, vindo de insucessos, mas com a promessa de um excelente “currículo de relacionamentos”. A torcida atleticana, mesmo com a pulga atrás da orelha, deu mais um voto de confiança.

Mas chega um momento em que, definitivamente, não dá mais. O nosso presidente, mesmo ironizando e justificando o fracasso ao falar que o campeonato brasileiro está apenas no início e que não há motivos para desespero, teve que, finalmente, apelar aos verdadeiros atleticanos. Já deveria, há muito tempo, ter repatriado diretores que, acima de qualquer coisa, “torcem” para o Atlético. Torcem para o bem do Atlético. Torcem para o sucesso do Atlético.

Para que a diretoria não entre mais uma vez em contradição, é preciso afastar do clube os que não são atleticanos. Retomem os discursos e deixem o Atlético apenas para a sua apaixonada torcida e para os Rubro-negros. Não deixem que a transtornada mídia verde e tricolor nos detone e nos acuse de pequenos, de fracos, de impotentes. Invistam, de uma vez por todas, em chuteiras. Aprendam de uma vez por todas a lição! Ouçam a voz do torcedor!

Devolvam ao Atlético, o que é do Atlético. A alegria, o bom futebol, a raça, a fé, a esperança e o sonho que ainda habita o coração de cada atleticano. Resgatem a magia da Baixada, tragam um líder, um técnico de comando, daqueles que têm propostas próprias, brilho nos olhos e o real desejo de vencer. O torcedor está cansado, frustrado. Está com um único sentimento: o sentimento de ter sido enganado.

É preciso que o Atlético volte a fazer o barulho do Furacão. É preciso retirar os tubos e voltar a respirar com naturalidade, e essas providências precisam ser tomadas com urgência, pois neste momento, o Atlético está com a cara do futebol de Paulo Baier: sem forças, desmotivado, sem tesão, sem rumo, sem perspectivas, triste, sem responsabilidade e sem qualquer compromisso.

Nos devolvam o nosso Atlético!


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