Paulo Perussolo

Paulo Roberto Perussolo, 36 anos, é estudante de Direito. Seguindo a tradição da família, acompanha o Furacão desde a infância, tornando-se cada vez mais fanático. Considera o Atlético mais do que um clube de futebol, um dos grandes amores de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2010 e 2011.

 

 

Um grande atleticano

24/05/2010


Jogadores, diretores, presidentes, todos passam, poucos serão lembrados. O que permanece sempre é o clube – e seu maior patrimônio: a torcida. Os torcedores costumam ajudar o time do coração como podem, seja financeiramente, comparecendo ao estádio, ou simplesmente desfilando pelo centro de suas cidades com as cores que simbolizam sua paixão.

No Atlético não haveria de ser diferente. Vivemos um amor inexplicável pelo clube da Baixada, fazemos loucuras, defendemos com unhas e dentes, torcemos quando ninguém mais acredita, racionalmente nem nós mesmos. Este mês marcaria o aniversário de noventa anos de um desses grandes atleticanos: Antonio Borges Tigrinho, um legítimo patrimônio da história do Clube Atlético Paranaense. Muitos tiveram o prazer de conhecer o “Seo” Tigrinho, outros ouviram falar, e aos que não tiveram a oportunidade, segue a homenagem.

Tigrinho era da primeira geração de atleticanos, acompanhou o nascimento e o crescimento do time que se tornaria, décadas mais tarde, o maior do Estado do Paraná. Foi um torcedor fanático, nunca perdia jogo do Atlético, fosse no estádio, ou no radinho de pilha, seu fiel companheiro. Juntava-se com outros torcedores rubro-negros em uma Kombi folclórica e saia de Campo Largo rumo à capital, independente do clima, do adversário ou da data. No estádio encontravam outros atleticanos de Campo Largo, aos quais ofereciam carona, tornando rotina a superlotação da Kombi no retorno.

Sem nunca esperar nada em troca, ajudou inúmeras vezes o clube nos períodos de dificuldade. Em uma das reformas da antiga Baixada, doou todas as pedras para voltar logo a assistir os jogos no templo atleticano; nos anos sessenta foi um dos que ajudou o Atlético através do FUNDECAP (Fundo de Desenvolvimento do Clube Atlético Paranaense).

Não importava quem era o juiz, Antonio Tigrinho chegava à Baixada e logo ia xingando o cidadão, calejado pelo número de vezes em que o Furacão já havia sido prejudicado pela arbitragem. Certa feita em São Paulo, junto com outros atleticanos assistia Corinthians e Atlético no Pacaembu no meio da torcida adversária. O árbitro marcou uma falta para os donos da casa e Tigrinho não se conteve, levantou e proferiu elogios ao juiz, até ser contido pelos outros rubro-negros, que já se preparavam pra sair correndo naquela hora.

Foi conselheiro de número vinte e sete do Atlético e Sócio Prata número 0001. Na década de oitenta, Tigrinho foi diplomado cônsul do Atlético Paranaense, recebendo algumas atribuições, dentre elas “Hastear a bandeira do CAP em sua residência ou escritório, bem a vista do público, no dia 26/03, data de fundação do clube”, o que não representava dificuldade, já que para os que passavam em frente à residência de Antonio Tigrinho em qualquer data do ano, a bandeira do Furacão era facilmente vista.

Várias colunas seriam necessárias para contar todas as histórias de fanatismo pelo Atlético de Antonio Borges Tigrinho, que com certeza muitos torcedores se identificam, já fizeram igual ou parecido, os mais novos já ouviram histórias iguais ou semelhantes de seus pais e avós, os mais antigos lembram com saudade das coisas que já fizeram e vivenciaram pelo clube e com o clube. Em setembro de 2001, um jornal da cidade estampou em suas manchetes: “Campo Largo perde o maior dos atleticanos”. Tigrinho se foi, deixando saudades na família e nos amigos e seu nome marcado na história do Clube Atlético Paranaense.

Este texto é uma homenagem não apenas a este grande atleticano, mas a todos que fizeram e fazem parte da história do Atlético de alguma forma, é uma exaltação ao sentimento do “atleticanismo”, que mesmo nas horas mais difíceis se mostra forte e maior do que qualquer dificuldade. Vamos viver essa paixão, esse amor que muitas vezes nos parece ingrato, mas que torna nossas vidas mais plenas.


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