Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Copa do Mundo

23/05/2010


Muito mais que a Seleção Brasileira está se preparando em Curitiba: pode-se dizer que o Brasil está em Curitiba! Talvez por necessidade de afirmação, carência ou mesmo por dom divino, temos a nossa Seleção Canarinho como único ente capaz de unir toda a nação por uma causa: a conquista da Copa do Mundo.
 
Para o brasileiro fazer boa campanha na Copa é vencê-la. Ser vice como em 1998 perdendo para o estupendo time da casa com o craque Zidane ou pior ainda, perder de virada no Maracanã lotado para o então forte Uruguai valem tanto quando rodar já na primeira fase. Na Copa do Mundo, mesmo o leigo se comove, opina, palpita e se embriaga com as vitórias.
 
Estamos tendo um aperitivo deste clima que ousamos viver em 2014 agora com a Seleção no CT do Caju. Imprensa de todo o mundo, seguranças, policiais, uma movimentação como nunca se viu por aquelas bandas da cidade que há 10 anos atrás passava desapercebida pela grande população curitibana. Ter uma mega estrutura elogiada mundo afora como a que o Atlético empreendeu no Umbará ajudou a fazer crescer a região.
 
Agora graças a vinda da Seleção algumas melhoras foram realizadas. Acesso facilitado tempos atrás com a construção de um viaduto, recapeamento de ruas, colocação de calçadas, reformas e mais obras que geram emprego e trazem qualidade de vida a população local. Cabe ao Atlético fazer isso? Não, ao poder público que deve ser parceiro do clube e de qualquer ente privado que venha a trazer benefícios para a população.
 
Infelizmente a inveja, desconhecimento e o pouco caso de parte da política local, dos clubes rivais e em especial pelo show de desserviço social realizado por parte da imprensa, temos nos afastado dia após dia da definição sobre a vinda da Copa de 2014 para Curitiba. O pensamento mesquinho, tacanho, burro de alguns pode prejudicar toda a coletividade da capital paranaense.
 
Estamos vivendo um imenso frisson porque a Seleção Brasileira está de passagem de menos de uma semana aqui, fechada e praticamente enclausurada no CT atleticano. Conseguimos imaginar o que seriam os mais de 30 dias com turistas de diversas partes do mundo, com repórter mexicano fazendo matéria sobre o barreado, com chinês conhecendo o pinhão cozido, com italiano estranhando o frio nada brasileiro de Curitiba e com as torcedoras da Suécia nos paquerando no chope da Rua XV?
 
A retrógrada, conservadora e por vezes reacionária sociedade curitibana tem idéia de que essa imensidão de pessoas consumirá nos shoppings que pertencem a coxas, nos restaurantes de paranistas e que verão os jogos no estádio atleticano, que durante a Copa pertence à FIFA? Continuará sendo assim tão limitada a visão daqueles contrários em recepcionar o maior evento esportivo do mundo, fazendo de tudo para prejudicar o clube que na vanguarda do pensamento então reinante foi lá e fez por merecer ser indicado para receber os jogos da Copa pois construiu boa parte do estádio quase terminado?
 
É mais fácil ajudar o Atlético a conseguir R$ 100 milhões e terminar o estádio fazendo com que toda a cidade lucre, gastar R$ 400 milhões como farão dezenas de outras cidades ou simplesmente lavar as mãos, não investir nada e ficar vendo pela tv a festa alheia?
 
Por que o Atlético merece um benefício maior? Simples, porque fez por merecer. Enquanto os outros clubes ficam passando “de mão” de tinta e disfarçando os problemas (alguns bem sérios) estruturais de seus estádios contando com o silêncio de uma imprensa conivente, o Atlético fez o melhor CT do Brasil e por isso hoje é visto e reconhecido no noticiário do mundo todo e ergueu o sonho de todo time brasileiro: um estádio com concepção moderna e arrojada, oferecendo conforto e segurança para seus freqüentadores.
 
Como dito por Michael Corleone, interpretado pelo excelente Al Pacino na saga “O Poderoso Chefão” em sua parte III ao dividir os lucros entre os sócios e estar desfazendo os negócios quando da compra da Imobilliari : “cada um recebe proporcionalmente pelo o que investiu, mas lá no começo, quando tudo era sonho.”

Ao Atlético que mais fez e investiu, sua parte. Aos demais, proporcionalmente ao que fizeram (ou deixaram de fazer).


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