Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Patrocinador master

21/05/2010


Há mais de cinco anos, o Furacão fechava acordo com a Kyocera. Estamparam a marca na camisa e mudaram o nome do estádio. Indicação da renomada Clear Channel, naming rights, tudo muito chique.

Na época, a Xerox patrocinava o Cruzeiro. E as velhas empresas concorrentes passaram a brigar também dentro de campo. Os dois clubes mais bem estruturados do Brasil, recentes campeões brasileiros do novo milênio, representavam o fino da bola e a inevitável tendência do profissionalismo na administração esportiva.

Logo na temporada de estreia, após a classificação para a final da Copa Libertadores da América, os japoneses sorriram. Àquela altura do campeonato, literalmente, já estavam no lucro. Valeu a aposta no rubro-negro emergente.

Em 2008, portanto três anos depois, a parceria foi desfeita. Mesmo massacrado pelos péssimos resultados, bem como infamado pelos títeres do Clube dos 13 e da CBF, o Furacão se manteve altivo. Achava-se grande demais para a Kyocera; e a Kyocera, por sua vez, simplesmente e humildemente achava que a renovação por mais três primaveras, pelo mesmo valor, estava de muito bom tamanho.

'Não chegamos a um encontro de interesses e encerramos o nosso relacionamento,' comentou o presidente galardoado. 'Não temos pressa para apresentar um novo patrocinador,' disse o diretor de marketing. 'Vem aí a Copa do Mundo de 2014,' especulavam os seguidores visionários, 'fecharemos com a Emirates, a mesma do Arsenal da Inglaterra.'

Negociaram, buscaram assessorias especializadas. E nada.

Primeiro escondiam do público as cifras envolvidas; depois, extra-oficialmente, reclamavam delas.

O tempo passou. O Atlético desvalorizou. Não há quem acorde de bom humor, aprecie um frutuoso café da manhã e manifeste subitamente o desejo de injetar sete milhões por ano em uma organização desmotivada. Não adianta culpar a sovina dos empresários paranaenses.

Então o orgulhoso e portentoso clube das Araucárias iniciou um processo aparentemente irreversível de 'reapequenamento'. Tornou-se o único representante da primeira divisão sem patrocínio master – seja lá o que 'master' significa. Quase um pobre que não aceita esmola.

Enfim, ainda bem que veio a Philco para acudir. Afinal, tem coisas que só a Philco faz para você. Talvez sejam só alguns trocados, mas que tal usar a quirera inesperada para investir em chuteiras? Que tal agradecer ao favor dispensado – a essa altura, já é favor – trabalhando para montar um grande time?

Bom mesmo seria se a diretoria pudesse lembrar: o patrocinador master do Atlético sempre foi – e sempre será – a torcida atleticana.


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