Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

Bola parada, coração idem

21/05/2010


O Atlético começou o Campeonato Brasileiro de 2010 como já imaginava e alertava o torcedor: com muitas dificuldades. Uma derrota para o Corinthians e um empate em casa contra o Guarani apenas reforçam que veremos o mesmo enredo dos anos anteriores, repleto de agonia, tristeza e muito sofrimento.

Não me surpreende saber que o Atlético está há seis jogos sem vencer, tendo como último êxito a vitória contra o Paranavaí, há mais de um mês, no já longínquo Campeonato Paranaense. Não surpreende, pois a torcida há tempos vem alertando que o time é fraco e precisa de reforços, que a base há tempos mantida não é boa.

Porém, ao saber que estamos há seis jogos sem vencer é importante saber, também, que o jogo contra Paranavaí, em 10 de abril, além de ser o último que fizemos três pontos, marcou a última vez que o torcedor rubro-negro viu um gol do Atlético com bola rolando, depois disso só na base da bola parada, principal plano tático utilizado por todos os treinadores que por aqui passaram nos últimos anos.

Foram dois gols contra o Guarani, um de falta e um de pênalti, um gol contra o Corinthians de falta e um gol contra o Palmeiras de pênalti, para, só no mesmo dia 10 de abril, chegar ao gol de Javier Toledo contra o Paranavaí, aos 11 minutos do primeiro tempo.

Todos sabem que Paulo Baier e Netinho são muito bons nos lances de bola parada, mas a responsabilidade no gramado tem que ser de todos e essa forma de atuar nos faz reféns de uma boa atuação deles quando estão em campo, caso contrário, dificilmente balançamos a rede adversária.

Não dá para aceitar, como algo natural, que um clube que joga o principal campeonato nacional tenha somente na bola parada um estilo de jogo. Mudamos de treinadores, mas mantemos uma prática que já mostrou que tem que ser uma arma durante o jogo e não a única.

Passou da hora do Atlético usar melhor os treinamentos de semana e a parada da Copa do Mundo no CT do Caju, não adianta tanta tecnologia, tanta estrutura para aperfeiçoar algo que não vem dando certo.

O torcedor está cansado de sofrer com um time que não corresponde em campo, que não evolui taticamente e que se resume a escanteio, falta e pênalti. O torcedor está cansado de ver isso e saber que o seu coração está entrando no ritmo do time: quase parando.


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