Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Fim de feira

12/05/2010


Se a torcida atleticana já estava angustiada antes da estréia no Brasileirão, após a partida contra o Corinthians, ficou ainda mais óbvio o calvário que teremos pela frente.

Sentimos na pele que esse Campeonato será uma disputa de cartas marcadas e que a balança sempre penderá para o lado mais “pesado”.

Ocorre que pra driblar a roubalheira e a máfia do apito, temos que adotar medidas preventivas eficazes, e não vejo outra saída senão montar um time competitivo. Pra colocar até o juizão no bolso, só com time bom!

Ouvimos o tempo todo que a Diretoria não participará de leilões de jogadores, não ultrapassará o seu teto salarial, não gastará mais do que pode e blábláblá...

Mas se a Diretoria tem esse perfil standard e adora uma pechincha, não entendo como se deixou levar pelas oscilações do mercado futebolístico e demorou tanto tempo para ir às compras. Afinal de contas, se a intenção é economizar, por que foi perdido tanto tempo antes de ser iniciada a busca por reforços?

Quem quer economizar começa a garimpar cedo, antes que o produto comece a ser disputado e, em razão disso, inflacionado. Não precisa ser um economista pra sacar que quando a procura é superior à oferta o preço tende a subir. E não é justamente isso que ocorre quando os times precisam dar uma resposta urgente à sua torcida e precisam iniciar com dignidade um Campeonato?

O que dá mais raiva é que enquanto a torcida – mais do que tarimbada - clamava por reforços, o período em que se deu o Campeonato Paranaense simplesmente foi negligenciado e só serviu para ressaltar ainda mais as nossas carências. A insistência no discurso de que a base é boa, que seria preservada a comissão técnica para investir em jogadores, já não nos convence mais. E agora estamos aí, catando a xepa, brigando por restos e ao contrário do que aconteça nas feiras livres, “o que sobrou” não é de graça...

Aprendi com a minha vó (a qual completará 89 anos na próxima quinta-feira), que para comprar os melhores produtos na feira, temos que chegar cedinho. Pois, deste modo pegaremos tudo fresco, poupando o excesso de manuseio, evitando tumulto e até mesmo possibilitando uma negociação do preço com o feirante. Depois, enquanto os outros estão chegando atrasados e esbaforidos, já estamos lá na barraca do pastel, com o carrinho cheio de boas aquisições e, ainda, com o troco pra gastar.

Mas acho que o nosso Diretor de Futebol não aprendeu a fazer compras com a vó dele, visto que está penando com a escassez da entressafra e vai ter que pagar caro pelo pouco que sobrou.

Olheiros? Pelo visto não temos mais. Ou assistir a final do Paulistão e selecionar os melhores conta? Se tivéssemos grana sobrando e uma política diferente, essa realmente seria uma boa opção...

Mas é aquela história: “Superávit” não gasta, mas também não leva!

Por fim, quanto ao Guarani – nosso próximo compromisso – temos de papá-lo enquanto está verde, sem deixar que ele amadureça na Série A!


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