Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

De volta ao melhor dos lugares

03/08/2004


Quando o Atlético pisar no gramado do Anacleto Campanella nesta quarta-feira, um filminho passará pela memória de muitos atleticanos. Afinal, foi lá, no acanhado estádio de São Caetano do Sul, que vivemos os melhores momentos de nossos 80 anos de história. Foi lá que vimos que era possível sim realizar o sonho de sermos os melhores, o primeiro, o número um. Quantas boas lembranças não temos daquele lugar....

Espero que muito mais do que um filminho, os ares do ABC nos refresquem a lembrança do quanto é bom sermos os melhores. Os melhores no campo, de fato e de direito. Porque em 2001, quando pisou naquele gramado, o time de Geninho só tinha um objetivo: sair de lá campeão! Não importava quem seria o adversário. O grupo estava "fechado", focado num único objetivo: vencer!

Hoje, três anos depois, que esse espírito vitorioso renasça no rubro-negro em pleno Anacleto Campanella. Às vezes, acho que o time de Levir Culpi é totalmente descompromissado com a vitória. Se ganhar, beleza. Se perder, deixa para a próxima, paciência. É necessário uma injeção de responsabilidade. Parece que o grupo não tem ambição, tem medo de ser feliz. Falta atitude, talvez coragem, de ir a público e dizer: "esse título é nosso e de mais ninguém. Vamos ganhar!". Falta traçar um objetivo e segui-lo até o fim, não importando qual e como é o caminho para se alcançar aquilo que quer.

O Atlético pode não ter o melhor elenco e o melhor time do Brasileiro. Mas, se for para entrar na competição para participar, entrar na vitrine, sinceramente, prefiro nem entrar. Não quero um time para fazer bonito em um, dois jogos. Quero um time para brigar pela taça. Se a nossa filosofia é mostrar o talento de Jadson, Dagoberto, Fernandinho para o Brasil inteiro, desculpem-se, mas é pensamento de (com todo respeito) União Bandeirantes quando inicia o Campeonato Paranaense - vamos mostrar para os times da capital nossos valores. O Atlético precisa querer muito mais do que fechar bons negócios com outros clubes, sejam do Brasil ou de fora.

Ano passado, nos prometeram para 2004 um time competitivo e títulos. Não me venham agora com a velha ladainha do "vamos deixar para o ano que vem, quando o time estará mais experiente". Oras, ao que me parece, Diego, Ilan, Washington, Rogério Corrêa não são nenhum novato; Marinho e Fabiano, então, dispensam comentários; Dagoberto e Fernandinho já adquiriram a experiência necessária com a camisa da seleção; e Ivan, Jadson, Alan já experimentaram os desafios do Brasileiro ano passado. Ou seja, a desculpa de que o grupo é imaturo, não cola. O discurso do "vamos deixar para o ano que vem" não reflete a grandeza do Atlético e me parece papo de outros times por aí, que esperam há anos novamente chegar no topo do futebol brasileiro.

Voltar a São Caetano sempre nos faz muito bem. Nos faz relembrar momentos que de fato são inesquecíveis. Que aquele pequeno, acanhado, mas especial estádio nos faça agora novamente termos a ambição de sermos os melhores. Não quero um time para participar do Campeonato Brasileiro. Quero um time para ganhar. A história de que o importante é competir deixo para os outros 23 adversários...


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