Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Certo e errado

07/05/2010


Certo foi não se entregar aos empresários da boleirada. Para jogar no Atlético, atleta profissional deve ter os direitos econômicos vinculados ao Atlético. Não precisa ser 100%. Pelo menos a metade e a condição de decidir seu futuro: cabe ao clube, e somente ao clube, escolher se o utiliza, libera, empresta ou vende.

Errado, entretanto, é não usar o aclamado resultado financeiro a serviço do futebol. Neto, Manoel, Fransérgio, Marcelo e outras revelações da base trarão bons frutos apenas se atuarem ao lado de jogadores consagrados. Em outras palavras, para lucrar com os guris, devemos antes investir em exemplos para eles, dentro e fora de campo. Vide Kaio, Gerônimo, Raul, Patrick, e agora Bruno Costa, todos exonerados, como se o motivo fosse exclusivamente técnico. Ainda muito longe de se transformarem em joias, já perdemos a oportunidade de lapidá-los melhor.

Certo foi abrir as portas do CT do Caju à imprensa - mesmo que seja à infeliz imprensa esportiva paranaense. Para gerir o Atlético, é preciso praticar a democracia e o princípio da boa vizinhança. O autoritarismo funciona até certo ponto, depois desbasta, desgasta, até que acaba.

Errado, entretanto, é pregar em discurso o atleticanismo colaborativo, e agir exatamente conforme os adversários políticos, tão criticados e culpados por terem deixado uma herança maldita. Usam os meios de comunicação para choramingar e explicar aos torcedores a triste realidade. Quem sabe, da próxima vez, ao menos poderiam usá-los para se desculpar. Transformaram o Conselho Deliberativo em uma reles formalidade para cumprir o Estatuto. Que convoquem os atleticanos para aprovar o orçamento do próximo exercício, e não o do anterior.

Certo foi enxugar os excessos administrativos, ou cortar os benefícios aos amigos dos amigos dos amigos da parentada.

Errado, entretanto, é comprar briga em defesa de eventuais aliados, ou proteger um diretor de futebol que já não tem mais clima para permanecer.

Certo é arriscar contratações baratas.

Errado, entretanto, é abrir mão das contratações caras.

Errado é acreditar que conseguirão, algum dia, cumprir a furada promessa das chuteiras sem tirar um único tostão do bolso.

Errado é anunciar pernas-de-pau como reforços de peso.

Errado é não perceber que os três pontos de maio valem os mesmos três pontos de dezembro.

Acabaram os certos, sobraram muitos errados.

Certo é admitir os erros.

Errado é acreditar que está tudo certo.


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