Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

Palavras ao vento

07/05/2010


Não podemos dizer que nos últimos anos, apesar das péssimas campanhas, o Atlético não evoluiu. Avançamos muito no terreno da verborragia. Temos no clube grandes nomes da arte do discurso, algo que acaba causando impacto quando dito, mas logo depois cai no esquecimento deles, não dos torcedores.

Alguma coisa me diz que voltaremos a ouvir as mesmas palavras, vindas das mesmas pessoas. Vozes que a cada dia perdem mais a credibilidade e o apoio do torcedor.

Nosso presidente é o principal representante da muleta verbal. Iniciou afirmando que sua gestão seria de investimento em chuteiras ao invés de tijolos, o que não ocorreu. Disse que o clube ficaria entre os três primeiros nas competições que disputasse o que também não ocorreu e afirmou que a base era boa, tão boa que há tempos não vemos uma atuação do time que anime o torcedor.

Nosso diretor de futebol assegurou que o torcedor poderia esperar um Atlético muito mais competitivo, brigando pelas primeiras posições e preparado para enfrentar uma grande temporada, porém não disse isso agora, mas sim no final do ano passado. Resultado: perdemos o título estadual para um time recém rebaixado e fomos eliminados, novamente, da Copa do Brasil em uma chave que a final estava ao nosso alcance.

Outros que utilizarão até dezembro muito o blá, blá, blá, são os atletas e o treinador, ou alguém tem dúvidas que as derrotas serão recheadas de frases como “lutamos, mas não conseguimos segurar o empate”, ou “hoje não deu nada certo”, ou ainda “agora é pensar no próximo compromisso, que temos a obrigação de ganhar”, tudo isso dito em tom de cansaço, mas que esbarra no simples fato de que só vontade, sem qualidade, ganha no máximo o cara e coroa antes do jogo.

Portanto prepare-se torcedor rubro-negro, pois vai começar mais um Campeonato Brasileiro, com 38 rodadas com muitas desculpas, promessas e quando o desespero bater, pedidos de apoio.

Tenho certeza de que a torcida gostaria de ver em campo um time com um padrão de jogo diferente do da bola parada e uma postura diferente dos anos anteriores, mas com a pacata movimentação da nossa diretoria a única diferença que teremos ficará por conta dos trinta dias de pausa para a Copa do Mundo.


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