Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Eles estão surdos

05/05/2010


Uma das características marcantes que nos difere da grande maioria dos demais animais é não só a possibilidade de aprender como repassar esse conhecimento aos nossos. É essa uma das mais marcantes e substanciais marcas da evolução. Entretanto mesmo dentro de nossa própria espécie temos os que evoluem e os que não.

Não bastou para a direção atleticana termos sido eliminados em casa, outrora um Templo Sagrado onde éramos praticamente imbatíveis, por Adap Galo ou Volta Redonda. Não contentes teimaram com o mesmo time que teve que contar mais uma vez com a ajuda da torcida, ou alguém não se lembra que durante todo o segundo turno pagava-se meia entrada no Brasileiro de 2007 e assim escapamos da degola? Por sinal ali perdeu-se um bom número de associados da modalidade Sócio Furacão, já que era mais barato comprar a entrada na bilheteria que manter-se nos quadros do clube. Confesso que fui teimoso e continuei pagando.

Não adianta ser farol se quem comanda é cego.

Não bastou para a direção aprender com o erro ao vender dois dos mais importantes atletas do elenco e perder para o rival dentro de casa o título no ano seguinte. Além de terem de novo colocado os negócios à frente do plano técnico, sequer trouxemos alguém para os lugares de Ferreira e Claiton, achando que garotos da base como o meia Wilian “Chaveirinho” e sua chuteira alaranjada segurariam o rojão.

Não adianta dar uma cutucada se eles são insensíveis.

Nos últimos anos em que flertamos fortemente com o rebaixamento demos como premiação para o elenco a sua manutenção e no caso de 2010 pior ainda, pois titulares como Wesley e Marcinho não tiveram substitutos contratados e um jogador mediano, mas aguerrido e que ao menos cumpria sua função como Nei saiu e para seu lugar se apostou num jovem que perdeu o ânimo e outro que nem nos subúrbios de 5ª categoria do futebol europeu vingou Assim, mesmo com o time empatando com o rebaixado Toledo e perdendo em casa de virada para um primário Operário no começo do Paranaense, insistiu-se no mesmo time e depois de levar um sacode do rival em casa se elegeu o culpado: mais uma vez o treinador!

Não adianta falar se eles estão surdos.

Não nos resta outra coisa a não ser torcer e rezar (e muito). Inicia-se mais um Brasileiro com um time que mostrou por A + B ser fraco, não só tecnicamente como de alma e espírito. Se houvesse vontade de formar times vencedores, a direção teria trazido Chicão e Cleiton Xavier quando estavam no Figueira, ou Pedrão quando ainda não se destacava tanto no Barueri, ou quem sabe teria feito negócio com o Paraná e trazido Everton e Giuliano já em 2007, todas sugestões que dei diretamente em reunião no clube. Hoje são jogadores com renome, jogando em grandes clubes e cujas cifras estão longe de nossa realidade.

Não adianta acenar com os braços se eles são cegos.

Perdemos não só duas , mas três semanas, pois desde a perda do título para o coxa estava claro que o time necessitava ir atrás de reforços para treinarem e começarem jogando domingo diante do Corinthians na estréia do nacional. Mas não. Como que por mágica e encanto divino nossa direção crê que faremos algo de minimamente decente com este time que provou por A + B ser fraco de espírito, alma e principalmente na parte técnica.

Mas não nos adianta gritar se eles estão surdos.

ARREMATE

“Dos pensamentos poluídos pela falta de amor/
Muita gente não ouviu porque não quis ouvir/
Eles estão surdos!”
. Todos estão surdos – ROBERTO CARLOS & ERASMO CARLOS


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.