Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Timidez

02/05/2010


Conversando com um antropólogo francês falávamos sobre a origem do comportamento dos povos. Papo vai, papo vem, chegamos ao curitibano e sua marca característica: a timidez. Talvez fruto da intensa colonização de ucranianos e poloneses, povos que viveram sob regimes de exceção e tolhimento das liberdades individuais por muito tempo, povos que sofreram agruras de guerras e que infelizmente tem sua história relegada a segundo plano na ocidentalidade da história mundial.
 
Ao contrário vemos a exposição da força e supremacia de outras duas gigantescas colônias que fizeram do Sul a mais pujante e forte região do Brasil: alemães e italianos.
 
Marcos é tipicamente curitibano; Maluceli é tipicamente italiano. Está sobrando timidez em Marcos Maluceli, está lhe faltando a ousadia típica do seu povo. Um povo que depois de colonizar a fazer crescer o sul foi em busca de novos desafios e indo pelo oeste de nossos Estados fez o que hoje é o Mato Grosso do Sul. Não satisfeitos e como verdadeiras formiguinhas, se foram para o Mato Grosso, alguns para o Acre enquanto outros se aventuraram rumo ao mais novo Estado da Federação, fazendo crescer Tocantins com muito trabalho e empreendedorismo.
 
Este destemor típico italiano não vemos em Marcos Maluceli. Vemos inclusive em outros com o mesmo sobrenome, empresários de extremo sucesso e que tem esta marca de empreendedorismo na veia, a sanha pelo desafio, pela ousadia. Está sobrando timidez ao nosso Presidente!
 
O curitibano não chega a ser acomodado, mas tem um grande receio quanto ao novo, ao diferente. Não à toa peças de teatro, discos e produtos são lançados em nosso mercado primeiramente, pois se pegar por aqui pega fácil em qualquer outro lugar. O curitibano se não gostar não aplaude e reclama.
 
Por vezes nos falta a ousadia que vemos em outros lugares. Obras como a reforma de algumas estações tubo para recepcionar os bi articulados, para se adequarem ao novo Ligeirão que vai até o Boqueirão ou a reforma no Terminal do Cabral levam muito mais tempo que construções semelhantes de outras cidades. Lá se trabalha sábado, domingo, madrugada sem medo de tempo ruim e contra o relógio, fazendo o que tem que ser feito sem demora, sem desculpas. Não digo falta de vontade ou lentidão nas obras, mas sobra timidez em tomar as decisões que precisam ser tomadas e mandar fazer mesmo, doa a quem doer.
 
Assim está agindo Marcos Maluceli na frente do maior clube do Estado, único representante na elite nacional e que mostrou desde a primeira rodada, quando não venceu o rebaixado Toledo que muita coisa precisava ser mudada. Tímido, Maluceli deixou o mesmo time naufragar diante do rival, endividado, sem estádio, com uma torcida que mostrou só apoiar quando possuía vantagens e mesmo assim nos venceu com certa facilidade na final. Mesmo com todas as claras mostras da fragilidade do elenco, queríamos passar de fase e encarar uma tabela que nos era grata na Copa do Brasil. Pagamos pelo excesso de timidez, pela falta de ousadia da direção.
 
Curitiba cresceu e seus governantes precisam saber que as demandas do cidadão não podem esperar. O Atlético, depois que bordou aquela linda estrelinha dourada no peito também cresceu, não podemos viver só de apostas ou colocar um time inteiro de ex-juniores no time de cima e afirmar que isso é investir em chuteiras. Não, não é e ao vermos que somente Manoel se firmou no time de cima é prova de houve precipitação e falta de planejamento. Alguns como Marcelo, Fransergio, até mesmo o afobado Bruno Costa, Willian (cadê esse excelente volante?) tem sim qualidades, mas deviam ser opções e nunca soluções para um clube que precisa definir o que quer da vida.
 
A timidez de nossa direção nos custou um estadual que tínhamos obrigação de vencer, uma eliminação para um adversário fraco na Copa do Brasil, a desconfiança da imensa maioria da torcida e a afirmação dos principais jornalistas esportivos de que somos (de novo) carta certa entre os possíveis rebaixados este ano.
 
A timidez da direção vai nos custar mais o que? Marcos Maluceli já mostrou em 2008 ter pulso, inteligência e discernimento para tomar as decisões certas e duras que nos livraram de um rebaixamento mais que certo. Este sangue italiano dele precisa voltar a correr com força, bastando para isso Presidente lembrar do final de nosso hino, onde Genésio Ramalho e Zinder Lins deixaram bem claro que somos atleticanos e com isso temos sangue forte, pois rubro negro é quem tem raça e não teme a própria morte!
 
ARREMATE
 
“O vermelho o amarelo a tintura do véu/
A fumaça era grande e subia no céu.”
Blunt of Judah – NAÇÃO ZUMBI


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