Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Instabilidade à toda prova

20/07/2004


E de repente acontece. Aquela deusa, a musa do verão, aquele sonho secreto dos banhos solitários, a mulher que permeia seus mais secretos sonhos pára à sua frente. Momentos antes, antevendo não ter a menor chance com uma mulher como aquelas, o tiro fatal: uma cantada qualquer, apenas para não passar em branco.

Agora ela está ali, insinuante, pronta para ver o que você tem a oferecer, que papo pode ter, enfim, qual é a sua. E o que você consegue? Nada!

A presente ilustração poderia ser transfigurada para dentro do campo, para o dia-a-dia do nosso amado Atlético. Não lembro de ver um campeonato em que tivéssemos tanta chance de êxito e conseguíssemos, por nossa própria força e incompetência, entregar ao adversário. Minto! O Paranaense deste ano, só Mário Sérgio conseguiria perder! Rodada após rodada, nosso tradicional rival prova que somos melhores, assim como éramos na época das finais.

Há uma crise de identidade. Ano passado, sofremos com um elenco fraco e tentamos ter boa vontade com o tão propalado trabalho de renovação do elenco. Aceitamos de braços abertos o destacado Diego, demos a quadragésima chance de ver Rodriguinho estourar, esperamos pacientemente que Fabrício desabrochasse, desenterramos dinossauros como Capone e Leomar e depositamos nossas esperanças na volta de Selmir e no Ricardinho, o “rei do drible”. Aliás, o único drible marcante que vi ele dar foi em nossa esperta diretoria!

Não aceito mais a desculpa de que o elenco é jovem. Jovem quem, cara pálida? Dagoberto, profissional há mais de dois anos? Fernandinho, estrela de diversas Seleções Brasileiras e campeão mundo afora? Diego, outra vez papai, e que já foi eleito o melhor do Brasil em 2002? Ivan e Igor, que estiveram no time campeão brasileiro de 2001? Washington, artilheiro por onde passa há mais de 10 anos? Ou talvez Ilan, promessa do Paraná Clube, fracassado no São Paulo e tentando reconquistar seu espaço no Atlético, desde 2001?

Marinho e Fabiano são bastante experientes, o mesmo podendo ser dito de Marcão, que desde as finais do Paranaense está devendo. Pingo é cobra criada, até mesmo por ter vindo do conturbado ambiente corintiano. Está faltando ao time uma maior confiança em si próprio.

A imprensa nacional (já que a autofagista mídia paranaense apenas critica tudo e todos), grande parte dos adversários e até mesmo a fanática, porém exigente torcida atleticana já notaram uma coisa: dá pra chegar nas cabeças este ano. Ser campeão? Quem sabe, mas aí entram outros ingredientes como uma boa dose de sorte, uma maior sinergia entre torcedores/time/diretoria e o time se acertar em campo. Mas que uma vaga na Libertadores do ano que vem é possível, isto é.

O primeiro passo é acreditar. Parece que só o Atlético ainda não se conscientizou disso. Quando levar mais a sério os compromissos, aliás, quando houver um verdadeiro compromisso com a vitória, de todos, já é possível sonhar.

O Atlético pode e deve sonhar mais alto. As conquistas de cada um são diretamente proporcionais às suas ambições. A instabilidade que o time apresenta deve logo ser superada. Time para isso já provamos ter.

É preciso ter asas quando se quer abraçar o infinito. A primeira escala desse vôo começa hoje.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.