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Michele Toardik
Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.
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Sabe esses dias que tu acorda de ressaca...
Essa fase melancólica do rubro-negro até poderia me fazer lembrar um tango daqueles bem rebuscados, ou um fado lamurioso, mas a falta de qualidade é tão grande que só me vem à cabeça um funk e daqueles bem lamacentos e politicamente incorretos.
E foi exatamente com essa sensação de ressaca que eu vi acabar esse Campeonato Paranaense e acompanhei a desclassificação na Copa do Brasil, com um gosto de guarda chuva na boca, um mal estar generalizado, muita dor de cabeça e uma ânsia sem fim.
O pior de tudo, é que esse estado de ressaca nem vem motivada por um porrete homérico, no estilo daqueles que tomávamos em época de Libertadores, quando comemorávamos algum título, ou simplesmente quando o Furacão jogava bonito.
Antes que alguém do A.A. repudie essa coluna, gostaria de deixar claro que não sou uma grande consumidora de álcool, mas sempre fui uma grande apreciadora das coisas boas da vida e “bebemorar” pode ser incluída nesse rol, mas motivo pra festejar que é bom, eu nem tenho tido.
Como vocês podem perceber a minha ressaca subjetiva é fruto único e exclusivo da frustração que eu como torcedora atleticana venho passando nos últimos tempos.
Pra poder sentir o quanto o negócio tá feio, só exemplificando: imagine o day after da ingestão de uma garrafa inteira de whisky paraguayo – tanto faz se é um “Red” ou “Black” -, mas tem que ser cowboy e acompanhado de uns rolmops como tira gosto. Tenho a impressão de que somente o resultado dessa dupla infalível, assim como da inusitada combinação denominada “Kapeta” ou a lembrança de um exótico vinho de pêssego consiga se assemelhar as coisas que temos visto em campo e os desprazeres que nos causam. Não há corpo que resista!
Infelizmente tem sido assim, bem coisa de boteco pé de chinelo, foi tanta porcaria que nos empurraram goela abaixo que não há Engov, Epocler, chá de boldo, canja ou promessa que dê jeito.
Mas o pior de tudo é a sede que não passa. Ela está sempre aqui: sede de vitória, sede de virar a mesa, sede de um futuro melhor.
E pra acabar com isso, com essa ressaca maldita, só parando com os paliativos e dando um tempo nas porcarias. Chega de confundir etanol com vodka, um basta nas falsificações baratas, pra lá com essa abstinência. Eu quero é matar a sede!
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