Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O(s) pesadelo(s) continua(m)

24/04/2010


Em uma semana onde todos os nossos pesadelos se tornaram realidade, é difícil manter uma linha onde o tom de nossas afirmações e pensamentos se não suba algumas oitavas. Nada para nós tem sido fácil. Parece que estamos lentamente voltando a ser aquele Atlético coadjuvante de tudo, perdedor, sem alma e sem vibração dentro do campo. Fora dele, nem é possível contestar o esforço que os sócios fazem para manter suas mensalidades em dia, criar espetáculos nas arquibancadas, apoiar o time até o apito final de cada partida.

Mas não é possível esconder o sol com a peneira. O Atlético à frente do tempo dos demais clubes futebol brasileiro já não existe mais. Sucumbiu à paralisia, a falta de ousadia, ao medo de investir de forma vertical em novas idéias. No futebol quando um time fica muito tempo sem ganhar nada, se esse time é grande e deu alegrias à sua torcida e é acostumado a vencer, é natural que exista cobrança, protesto, indignação e mais uma gama enorme de sentimentos que só quem é apaixonado por futebol sabe descrever.

Um desses sentimentos é a enorme frustração que as derrotas vêm trazendo. Existe um discurso que nos induz ao erro, dizendo que “tudo ia mudar”, que os objetivos eram “a conquista de títulos”, vitórias, Campeonato Paranaense, Libertadores e Copa do Brasil. A realidade é uma eliminação atrás da outra, além de perigosa ameaça da segunda divisão em 2011. É cedo para falar disso? Creio que não, pois a realidade dos fatos atropela qualquer blá-blá-blá venha de onde vier.

Carregamos para o nosso seio, um dirigente paranista, profissional, capacitado, que até agora nos deu de presente duas eliminações. O tal planejamento parece não ter saído como nosso amigo esperava, assim como não parece ter dado resultado nos outros lugares por onde ele passou. Não se trata de nenhuma questão pessoal entre o torcedor atleticano e o dirigente. Trata-se de resultados práticos e os nossos são horríveis. Se o cara está lá para mudar, que se façam mudanças. Convença nossa grande torcida de que é bom ou caso contrário, volte para o Ninho da Gralha.

Nosso técnico anda no limite entre a razão e a loucura, entre a genialidade e a estupidez, entre a consagração e o ostracismo. Confesso que todos falam muito bem do profissional. Porém, é impossível passar ileso por duas derrotas pesadas.

Penso que devemos ser mais incisivos na cobrança de mudanças. Nossos torcedores em sua grande maioria estão em silêncio, olhando o barco naufragar, como se não tivessem forças para reagir. É como se esperassem o brasileiro começar, para lá na frente constatar que “sabiam que seríamos rebaixados”. Por que não começarmos a nos movimentar antes? Por que o conselho não chama uma reunião? Por que ninguém se mexe? Por que a oposição também não se mexe, agora que há dois fortes grupos oposicionistas?

Não, não tenho as respostas. Por enquanto, estou tentando dialogar com meus amigos atleticanos sobre as perguntas. E sempre surgem mais perguntas. O cotidiano serve para fazer sarar as feridas, fechar as chagas das derrotas. Mas não cura tudo. E todos os atleticanos de verdade estão se sentindo doentes de tristeza.


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