Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Respeito

09/07/2004


O Atlético dos Paranaenses é hoje o time do estado com maior representatividade no âmbito nacional. Dos times do "trio de ferro", como chamam alguns a trinca CAP, CFC e Paraná, é o Atlético o mais respeitado nacionalmente e o time no qual mais se depositam expectativas.

Acompanhando a mídia esportiva de fora do estado do Paraná, percebi que há uma maneira mais nobre de se tratar o Atlético Paranaense por parte de pessoas que há pouco tempo mal lembravam que existíamos. Hoje sabe-se que o nome do nosso time é Atlético Paranaense e não Atlético "du Paraná". Hoje, quando se fala de um dos Atléticos, coloca-se o complemento "Mineiro" ou "Paranaense". Falar só "Atlético" não quer dizer que está se falando do time das alterosas.

Hoje, conhecem nossos jogadores, nosso técnico, sabem o nome de nosso estádio e CT e nos colocam como possíveis candidatos a título no início das competições. Não esperam que joguemos um Brasileiro para não cair e, sim, para ganhar. E, depois de uma fase de reformulação em 2002 e 2003, de poucos resultados, todos se perguntam: e o Atlético Paranaense? Vai "pras cabeças" este ano? Isso não é expectativa só da torcida atleticana; curiosos e gente que acompanha o futebol esperam nossa nova decolagem. Temos tudo para fazê-la neste campeonato, para coroar o ano do nosso octagésimo aniversário. Time nós temos.

O Atlético é um nome que está já consolidado como força nessa nova geografia futebolística. Vemos outras equipes buscando trilhar caminhos como o do Furacão, no ABC paulista e em Santa Catarina. A decisão do Brasileiro de 2001, foi premonitória. Mostrou aquilo que hoje os obtusos jornalistas do eixo, que a chamaram de final "nanica", finalmente começam a entender: que futebol se faz com mais organização e trabalho e com menos superstição e fantasia. O Flamengo que o diga.

O Figueirense, que figura entre os líderes do Brasileiro, é um time que, guardadas as proporções de torcida e tradições, lembra-me um pouco o Atlético de 1996. Aquele Atlético tinha como obrigação não voltar à 2ª divisão. Surpreendeu e foi mais longe. Quem não lembra das animadas tardes e noites na velha Baixada, quando lotávamos os vinte mil lugares para ver aquele Atlético de Ricardo Pinto, Alberto, Jorge Luís, Reginaldo e Branco; Nowak, Piekarski, Luiz Carlos e Jean Carlo; Paulo Rink e Oséas. Era uma atração e ao mesmo tempo uma novidade ver um Atlético tão forte e tão promissor. Ganhando fácil de times poderosos como o Palmeiras de Djalminha, Cafu e cia.

Atualmente, quando pegamos times como o Palmeiras, ninguém antevê vitórias dessas equipes ou surpeendem-se com triunfos atleticanos. A vitória Rubro-negra é sempre esperada, possível, plausível. Diferente do Figueira, time que busca uma afirmação nacional, mas tem tudo para conseguir se continuar a trabalhar nos moldes do futebol realmente moderno. O Figueira hoje é um dos exemplos nacionais de boa administração e aprendeu muito com a parceria que manteve com o Atlético. Mas ainda é surpresa.

O Atlético é uma realidade nacionalmente e está em busca de vôos mais altos. A afirmação internacional é um objetivo a ser seguido. Mais títulos nacionais e participações freqüentes em Libertadores dar-nos-ão o definitivo respeito e marcarão a ferro em brasa o nome do CAP na galeria dos gigantes. Nós não nos contentamos mais com campeonatozinhos paranaenses, como o nosso falido rival, que vibrou intensamente com o título do estado, mas ainda não conseguiu passar da 1ª fase em uma Libertadores.

O Bi em 2004 é mais do que esperado. Mas não podemos nos comportar como time pequeno, que se contenta com pouco e relaxa em certos momentos. Que espera a vitória sem luta. Ou que arranja desculpas para derrotas como "o gramado ruim". O time vencedor sai sujo de barro, mas triunfa. Faltou barro, tecido rasgado, gotas de sangue e uma jarra de suor na camisa dourada contra o Paraná. Quem sabe se sujarmos essa famigerada camisa dourada com esses ingredientes em todos os jogos, teremos a união de talento e determinação focada que constróem mitos. Que fizeram um Atlético colossal em 2001, que transformou um jogador comum como Alex Mineiro em um monstro que babava por gols naquelas finais. Assim, a camisa dourada não será a camisa do azar. Porque para haver sorte, é necessário fazê-la acontecer. Sorte tem muito de fé. O bom é que podemos confiar em Levir para conseguirmos o foco e termos a fundamental regularidade no campeonato.

Comentários breves

O bom goleiro defende, defende, mas em um momento pode por tudo a perder com uma falha. O goleiro espetacular defende, defende e se consagra. Nosso goleiro é bom. Não é espetacular. Se atrapalhou com a bola contra o time da vila. Levou um gol "pegável"contra o Juventude. É uma pena, mas a falha do goleiro repercute mais que a falha de um jogador que compõe o grupo.

A torcida organizada do São Paulo vestiu um irônico amarelo e colocou faixas ofensivas contra seus jogadores, desclassificados da Libertadores. A parte racional de torcedores tirou a faixa e brigou com os reclamões. Espero que a nossa torcida organizada não atinja esse nível de intolerância. Mas do jeito que está, logo chegará lá. Torcida tem que torcer, vibrar e só. Como diz o belo hino do América do Rio, de Lamartine Babo: "tem que torcer, torcer, torcer, tem que torcer até morrer, morrer, morrer."

Não posso deixar de comentar: que tristeza esse time dos coxinhas... E aquele "estádio" deles, todo maquiado, então. Nada pior que feiúra disfarçada. Mas um olhar menos benevolente sobre o "time" e o "estádio" captura a verdade.

Saudações Rubro-negras àqueles que acreditam no bi. Abraços a todos.


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