Bruno Rolim

Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da família. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.

 

 

Ciclotimia

06/07/2004


O Atlético voltou a vencer duas partidas consecutivas, está agora numa honrosa quarta colocação, com um quarto do campeonato já decorrido. Pela frente, uma sequência de oito jogos poderá firmar a equipe rumo ao título: após o jogo de amanhã contra o Paraná, pela ordem: Palmeiras e Goiás na Baixada, Internacional no Beira Rio, Fluminense na Baixada, Criciúma no Heriberto Hülse e, finalizando, Ponte Preta e Grêmio na Baixada. Ou seja: são 6 jogos em Curitiba. Se a equipe vencer ao menos cinco destes, certamente estará entre as três primeiras na 20ª rodada. Mas a equipe tem potencial para muito mais.

Dos concorrentes diretos, o São Paulo sofre com a indefinição de jogadores em seu meio e brigas com a torcida; o Cruzeiro sentiu demais a saída de Alex, o time está sem criação; das outras equipes, apenas Santos e São Caetano teriam condições de seguir adiante, mais solidamente. E qual seria o grande desafio do Atlético?

A juventude da base do time, com Jadson, Fernandinho, Morais e Dagoberto, acaba por dar ao time um caráter ciclotímico, irregular. A mesma equipe que impõe ao Corinthians uma goleada histórica acaba derrotada bisonhamente pelo Flamengo. A missão do técnico Levir Culpi e dos jogadores mais experientes, como Marinho, Fabiano, Adriano e Washington, é dar um tom único à equipe, permitindo uma constância, para que o Atlético consiga chegar a mais um troféu.

Estou otimista. Mas agora, é com o time.

Fabiano e Marinho

Fala-se muito dos fatores que fizeram com que o Atlético evoluísse tanto de 2003 para 2004: as defesas do goleiro Diego, os gols do matador Washington (o futuro artilheiro do Brasileiro, podem anotar), as bolas açucaradas do meia Jadson. Mas um fator passou incólume pelos analistas de plantão: como melhorou a segurança na defesa da equipe.

O Atlético dificilmente prima por defesas seguras: mesmo a equipe de 2001 não era forte na defesa, tomava muitos gols, mas marcava mais ainda - como no 6 a 3 sobre o Bahia e no 4 a 2 da final contra o São Caetano. Em 2003, o Atlético sofreu em uma equipe que continha Ígor, Tiago e Rogério Corrêa juntos, uma defesa muito fraca. Mas em 2004, tentou-se uma mudança.

No início do ano, chegou ao Atlético, desacreditado por muitos, o zagueiro Marinho. Com um excelente porte físico para um zagueiro, e uma técnica superior à média da posição, aos poucos o jogador foi conquistando sua torcida, que hoje grita seu nome. A atuação contra o Santos, na qual nenhum santista conseguiu passar pelo jogador durante o jogo inteiro, foi memorável. Mas a principal contratação do Atlético, na minha opinião, vem a seguir.

Em 1999, o Atlético conquistou uma vaga para a Libertadores da América. Naquela Seletiva, o volante Fabiano foi um dos destaques da equipe, mas que não apareceu para a torcida - mesmo porque o quarteto Adriano-Kelly-Lucas-Kléber dispensava comentários. Após 4 anos no Japão, o jogador retornou ao Atlético, praticamente consertando um setor que vinha se mostrando deficiente há muito tempo. Mas, o que fez Fabiano para mudar este panorama?

Com 1,78 de altura, Fabiano é considerado um jogador baixo para a posição. Mas tem um toque de bola e uma visão de jogo formidáveis - quem lembra do gol de Dagoberto contra o Cruzeiro deve ter percebido que o lançamento foi dado por Fabiano. Além disso, exerce uma grande influência sobre o elenco, ao lado de Washington. Com sua entrada no time, como líbero, Marinho e Rogério Corrêa adquirem um comportamento mais responsável (especialmente o último, que tornou-se famoso por suas investidas desastradas no ataque), e a defesa do Atlético torna-se mais compacta.

Basta perceber a influência de Marinho e Fabiano, basta ver os dois últimos jogos em que o time perdeu: contra o Flamengo, Marinho não esteve em campo e contra o Vitória, foi a vez de Fabiano não estar em campo. Contra o São Paulo, Fabiano não jogou, e na ridícula derrota para o Figueirense, nenhum dos dois esteve em campo.

Por isso, torcedores e analistas, olhem e vejam que o Atlético não é feito apenas de Diego, Jadson e Washington. Há um elenco inteiro por trás do atual sucesso atleticano. Um sucesso feito de planejamento, sem jogadores fugindo para a Europa ou jogadores contratados desesperadamente de equipes do interior.

2004 tem tudo para ser o ano do Furacão.

Abraços a todos, saudações atleticanas!


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