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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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O momento mágico se aproxima. Ainda resta uma partida, é verdade, que pode acabar transformando em pesadelo o sonho que está tão perto de se realizar. Mas é difícil acreditar que o Atlético possa perder este título, tão favorável é o clima que vivem os amantes das cores rubro-negras. E este clima foi consolidado pela partida do Domingo passado. Que jogo! Ou melhor, que tarde, que evento... A palavra jogo é limitada demais para descrever o que se passou na Baixada, neste 16 de dezembro de 2001, que passo a descrever do meu ponto de vista.
A primeira camada de lágrimas já cobriu o olhar no momento em que ficou pra trás o movimentado corredor de acesso às arquibancadas. A visão daquele mar rubro-negro, composto pelas mais diversas personalidades, todas unidas por uma só paixão, embebeu-se de emoção. Contudo, a ansiedade pelo que poderia acontecer em campo acabou vencendo a vontade de se entregar ao choro, e o coro entoado pela multidão ganhou logo mais uma voz.
No decorrer dos noventa minutos de jogo, mais desafios à emoção. O primeiro gol atleticano, acompanhado dos eufóricos pulos e gritos, também umedeceram os olhos. E assim foi também em todas as nuances da partida. Na decepção trazida pelos gols adversários, que chegaram a sugerir que o sonho era ilusão.... Na superação do time, que resgatou a esperança... E, finalmente, no golpe fatal que se trazudiu em uma grande vantagem, a permitir que o sonho seja quase realidade. Em todos estes momentos, todavia, a seriedade venceu, talvez na tentativa inconsciente de deixar que aquelas lágrimas de alegria fossem libertadas apenas quanto tudo tivesse definitivamente acabado, lá no ABC paulista.
Na - merecida - comemoração após o jogo terminar, é que a coisa tomou novo rumo. O destino daquelas lágrimas foi alterado, quando, após abraçar todos os amigos (ou completos desconhecidos) que assistiam ao jogo em minha volta, subi até o setor das cadeiras para dar um abraço naquele que induziu uma paixão que o destino cuidou de conduzir.
- “Este é o time que te ensinei, a torcer, hein?!”
As palavras do pai, e o abraço apertado em meio ao mar de alegria vemelha e preta que nos rodeava, foram o quanto bastava para desatar aquele nó que apertava a garganta. Parece que, naquele momento, o futuro se antecipava, assegurando que tudo daria certo na semana seguinte. Não dava mais pra imaginar que o título pudesse ir parar em outras mãos.
Com o início da - interminável – semana decisiva, a sobriedade foi recuperada. Mas nada que nos faça abandonar o otimismo. A ciência da qualidade e do potencial do adversário não afasta a confiança no triunfo. É... chegou a hora. Atleticanos, é a nossa vez de comemorar. “Se Deus quiser, e ele há de querer”, toda esta onda positiva que passamos ao nosso Clube vai converter-se em uma parte brilhante de sua história.
Às vezes sinto vontade de tentar expressar o que é a paixão que sente um torcedor do Atlético. Mas logo dou-me conta de o quão sem sentido isto seria. Para os atleticanos, nada mais desnecessário. Todos sabem do que estou falando, e, muito mais, sabem que isto só se expressa por sentimentos, e não por palavras. E bem por isso seria vã qualquer tentativa de explicá-la a quem não teve a felicidade de ser atleticano.
Fujo do tradicional chavão natalino, para desejar uma data mais que feliz:
Um Natal campeão a todos.
Com intensas saudações rubro-negras.
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